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A mostrar mensagens de março, 2021

A poesia e a árvore entrelaçadas - Texto de Isabel Melo - Fotografias de Francisco Borba

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  Árvore e poesia têm coexistido lado a lado ao longo da civilização e da história do homem. Numa simbiose perfeita aparece a árvore em lendas, alegorias e poemas, já desde a Antiguidade Clássica, em poetas como Virgílio e Homero. A própria história das religiões assenta a sua génese sobre uma árvore, caso da árvore da ciência da vida e do fruto proibido de Adão e Eva, bem como as árvores veneradas na Sibéria e México que deram origem à humanidade, ou a palmeira que Maomé pedia para tomarem “como se fosse a irmã do nosso pai” e a árvore, debaixo da qual, Buda se tornou iluminado. Quantas vezes os troncos das árvores deram origem ao tronco de um poema e quantas vezes as suas folhas saltaram para as folhas de papel, adornando poemas com as suas flores e frutos. Foi o caso de Eugénio de Andrade que, em sentido mítico, convocou a Odisseia de Homero “Como a palmeira jovem/que Ulisses viu em Delos, assim/esbelto era o dia/em que te encontrei” e que foi personificando na sua obras as divers

Somos felizes? - João Coelho

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  Somos felizes?   (reflexão a propósito do dia internacional da Felicidade - 20 março)   Nos tempos da nossa juventude, tempos de entusiasmos simples e empenhos arrojados, era fácil fumar um cigarro e achar que o mundo nos pertencia. Entretanto, inevitavelmente, crescemos, …e agora já o sabemos, o mundo não nos pertence, nem particularmente nos estima, apenas nos tolera! Nem sempre de bom humor, e com razão. Porque somos caprichosos e egoístas, poluímos, gastamos e desperdiçamos de forma atroz, os recursos que tão generosamente são postos à nossa disposição. Pensamos também que evoluímos muito, desde esses tempos da nossa juventude, porque temos tecnologia, temos internet, temos redes sociais, viajamos por todo o planeta, e também porque compramos tudo, e muito, de forma fácil e preço reduzido, ao simples alcance de um clique. Hoje, temos centenas, talvez até milhares de amigos! Falam para nós e somos ouvidos. Sorrimos, e recebemos sorrisos de volta! Partilhamos e

António Correia - Arca de Água

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O trabalho que apresento sobre a Arca de Água, espaço construído no Século XV, no reinado de D. João II, é muito recente e teve origem num desafio para o mês de Março de 2021 do grupo de fotografia Fotogenias , submetido ao tema "água". Aproveitei a oportunidade e fotografei este património abandonado, percorrendo modestamente o interior já um pouco degradado. Espaço surpreendente de luz, sombra e frescura. Convido quem desejar integrar o grupo de fotografia Fotogenias , a fazê-lo. Este grupo privado reúne três vezes por mês, via Zoom, e discute fotografia. E convido ainda à participação no Projecto 33, via Zoom, todas as terceiras terças-feiras de cada mês. Basta contactar-me por mail ou telefone. Email: images@antoniocorreia.com Telemóvel: 969067950.   Curta Biografia A fotografia já está na família, quando António Correia nasce em Setúbal, Portugal. Licencia-se em Arquitectura, tendo trabalhado como arquitecto durante trinta e um anos e dedicando pouco tempo

Tempo - Fernando Antunes

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    Tarde noite dia. Não sei. Cansei-me de ser nada. Perdi-me na dimensão do tempo.                                   Os sentimentos têm uma abrangência difícil de gerir. Há-os ligeiros que, sendo bons, o tempo os leva rapidamente para uma qualquer gaveta de recordações. Se são incomodativos, o tempo se encarrega de os varrer de forma total e permanente do nosso dia a dia. Uma relação social ou profissional facilmente a memória arquiva se era boa e acabou; ou, pelo contrário, a extingue definitivamente, sem deixar rasto, se era incómoda ou simplesmente inócua.  Quer tenham sido registadas ou expulsas, não deixam marcas, é possível continuar a movimentarmo-nos nas mesmas situações com uma ausência interior, estando não estando. Onde estávamos por inteiro, agora será apenas um lugar onde agimos sem sermos. Apenas um corpo, uma mente que trabalha, sorri ou debita frases circunstanciais. É como se desaparecêssemos e, no entanto, estamos ali. Ausentes na nossa presença. E voltamos a

O Outono em Pequim

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Reli, pela terceira ou quarta vez, este clássico de Boris Vian. No final, quase todas as personagens do livro morreram ou desapareceram. Poucos escaparam: Ângelo, o Padre Joãozinho, Cláudio Leão, o eremita, e a companheira negra, a Lavanda; o arqueólogo Atanágoras, os irmãos Brício e Bertílio e a bela Cobre; também os garotos Didi e Olívia. No final, Ângelo abandona a Exopotâmia, apanhando o 975 de regresso ao seu novo destino, que não se sabe qual seja. O projecto do caminho de ferro afundou-se num acidente estúpido: a linha e a composição caíram num buraco imenso que se abriu por cima do local onde Atanágoras fazia as suas escavações arqueológicas. Foi tudo engolido pelas areias do deserto. Mas, entretanto, o Conselho Executivo, a mando do Presidente Ursus de Jampolã, mandou recomeçar as obras, enviando para o local um novo director, Antenor Pernô, dois novos engenheiros, dois agentes de execução e três motoristas de camião. “O Outono em Pequim” conta, entre muitas outras peripéc