No dia em que a minha amada me deixou - Leandro de Viso
No dia em que a minha amada me deixou No dia em que a minha amada me deixou - A minha mais que tudo, a suprema utopia Que em sonhos me fora prometida - Levei o carro a uma lavagem automática Para remover a sujidade acumulada. Triste tarefa para quem tanta sofria Mas a vida é assim mesmo E, afinal, o carro estava imundo, sujíssimo! No dia em que a minha amada me deixou - Na precisa hora em que me dava a notícia No momento em que aqueles lábios de anjo Me condenavam às penas do inferno - Ocorreu-me que não levara o carro à lavagem Que a sujidade já cobria toda a superfície da chaparia E lambia a vidraça frontal, dificultando a visão No vidro de trás, já alguém garatujara “Lava-me Porco!” No dia em que a minha amada me deixou - A minha dilecta, mil vezes idealizada no altar Prometida que me fora em tantos êxtases de amor - Aspirei a alcatifa do meu carro Dei com o pano do pó no tablier E aspergi as vidraças com limpa-vidros O “Lava-me Po