A cultura como um bálsamo pacificador - Isabel Melo
Viver e conviver com a cultura torna-se viciante. Precisamos dela como um alimento para o nosso discernimento e bem-estar, para o nosso enriquecimento, para a nossa plenitude. E, a bem da cultura, fazemos o impensável! Dei por mim a assistir a um concerto de ópera com Carlos Guilherme, às onze horas de uma manhã solarenga. Isto, simplesmente porque a alternativa era não haver concerto. Nestes tempos de pandemia, quem tenha a necessidade da cultura, ou se tenha agarrado a ela como uma amiga no seu confinamento, não sofreu tanto constrangimento no medo ou na solidão. E ao longo dos meses verificaram-se várias formas de ultrapassar a inexistência das várias manifestações culturais, descobrindo ou inventando novos conceitos, novas sinergias, necessidades e muitas adaptações. Entoaram-se fados, música instrumental ou mesmo música clássica das varandas, das praças ou carros, improvisando palcos e gerando plateias. Surgiram as plataformas digitais e, também aqui, uma nova terminologia