Uma quieta melancolia cobre as ruas da cidade
Quem caminha ao longo da avenida Luísa Todi, de este para oeste, ou, na direcção inversa, de poente para nascente, vai encontrar, à sua mão direita ou esquerda, consoante o sentido da marcha, o casco velho da cidade. Nele, é possível entrar-se por muitas portas. Tome-se, por exemplo, o caminho pelo lado nascente, rompendo pela Rua Pereira Cão, depois descendo a Arronches Junqueiro até ao Largo da Misericórdia e ao coração da baixa, ou, pelo poente, cortando pela Travessa do Seixal, entrando pela Rua Vasco da Gama em direcção ao Largo da Fonte Nova, no velhinho Bairro do Troino. Uma vez dentro do labirinto de ruas, ruelas e travessas, seja qual for a direcção tomada, é-se dominado por um sonolento marasmo, como se uma vetusta saudade, vestida de uma névoa de tristeza, abraçasse a cidade e a recolhesse no seu regaço. Tudo ali parece estar em suspenso, como um ser taciturno, metido consigo mesmo, remoendo antigas vivências e lembranças de tempos perdidos nos confins da memória. Perante es...