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Uma quieta melancolia cobre as ruas da cidade

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Quem caminha ao longo da avenida Luísa Todi, de este para oeste, ou, na direcção inversa, de poente para nascente, vai encontrar, à sua mão direita ou esquerda, consoante o sentido da marcha, o casco velho da cidade. Nele, é possível entrar-se por muitas portas. Tome-se, por exemplo, o caminho pelo lado nascente, rompendo pela Rua Pereira Cão, depois descendo a Arronches Junqueiro até ao Largo da Misericórdia e ao coração da baixa, ou, pelo poente, cortando pela Travessa do Seixal, entrando pela Rua Vasco da Gama em direcção ao Largo da Fonte Nova, no velhinho Bairro do Troino. Uma vez dentro do labirinto de ruas, ruelas e travessas, seja qual for a direcção tomada, é-se dominado por um sonolento marasmo, como se uma vetusta saudade, vestida de uma névoa de tristeza, abraçasse a cidade e a recolhesse no seu regaço. Tudo ali parece estar em suspenso, como um ser taciturno, metido consigo mesmo, remoendo antigas vivências e lembranças de tempos perdidos nos confins da memória. Perante es...

Pela Serra de São Luís é que fomos...

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A manhã estava enevoada - é Inverno e o Inverno também tem as suas magias e os seus segredos - mas nada demoveu os caminhantes Synapsis de aparecerem no lugar combinado para desfrutar dos caminhos e das vistas da Serra de São Luís, na Arrábida. E os caminhos foram mesmos os primeiros motivos a serem desfrutados já que a névoa ao longe escondia a paisagem... mas com o avançar da manhã a paisagem foi desdobrando-se em luz e poesia.  Se Sebastião da Gama ainda estivesse por cá e se nos acompanhasse nesta caminhada Synapsis ao cimo da Serra de São Luís, certamente escreveria algo do género: "Pela Serra é que fomos, alegres neste dia, é na Serra que compomos a mais bela melodia..."- Assim foi, mesmo sem Sebastião da Gama, a inspiração dele esteve com certeza presente e cada caminhante ficou habilitado a escrever um poema...  Texto: José Alex Gandum. Imagens: José Alex Gandum e Isabel Lanita S y napsis   2010-2025  -  15 anos ao serviço da cultura e da cidadania ...

Eduardo Carqueijeiro - Secretas Paisagens

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  Numa tarde de Sábado, com o sol a declinar lentamente num entardecer suave, fui encontrar o Eduardo no seu atelier , pintando. Numa aparelhagem, pairava uma música distante, hipnótica, encantatória. Dispersos, descansando no apoio da parede, vários quadros. Alguns já terminados; outros, ainda em fase de criação. Vindos lá de fora, entrando pela janela entreaberta, os aromas do campo e o sereno ciciar da passarada, em surdina, para não desenrolar o novelo de silêncio que envolve a quinta e a projecta numa dimensão estranha, quase fora do mundo. Deambulo por ali, movendo-me entre o cheiro intenso da tinta fresca. O Eduardo palrando, enquanto retoca delicadamente uma das suas secretas paisagens. Na paleta, uma mistura de azuis, vermelhos, verdes, amarelos, castanhos, a essência em busca da substância, ou o contrário, sei lá. Quem sabe? Ele próprio faz questão de não saber. Pinta porque sim, diz. E eu julgo perceber o que ele quer significar com isso. Dando-se a si próprio pouca impo...