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Arrábida “serra-mãe” há 80 anos (2)

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  Arrábida - Serra Mãe (Synapsis, 2016-04-09) A Arrábida representou para Sebastião da Gama o espaço de eleição e de descoberta, o tempo do encontro consigo e com o mundo, a motivação para a sentir poético. Data de 6 de Novembro de 1943 uma carta em que ele confidenciava a Joana Luísa: “No desenrolar da minha Poesia, cheguei à conclusão de que a missão do Poeta é, não só explicar aos outros a Grandeza da Criação Divina, mas tentar o aperfeiçoamento do Homem.” Os amigos que o acompanharam não esqueceram nunca essa busca que animava o jovem azeitonense — em 24 de Fevereiro de 1962, num texto sobre o amigo, Maria de Lourdes Belchior escrevia no “Diário de Lisboa” que “a sua vida recôndita, a que trazia nas entranhas da alma, enriqueceu-se e configurou-se nos contactos com a Serra-Mãe, nos longos silêncios de vagabundagem pelos caminhos da Arrábida” e, trinta anos depois, em “Evocação de Sebastião da Gama” (1993), David Mourão-Ferreira testemunhava que “na memória de alguns de nós, e...

Arrábida “serra-mãe” há 80 anos (1)

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  Em 11 de Dezembro de 1945, uma terça-feira, Sebastião da Gama (1924-1952) escrevia uma carta para a namorada, Joana Luísa (1923-2014), comunicando-lhe a saída do seu primeiro livro, notícia não desprovida de entusiasmo: “Hoje devem dar-me a gravura e amanhã começam a fazer a capa. Só sexta ou sábado teremos o nosso livro. Meu Amor!...” Feitas as contas, o livro estaria pronto a 14 ou a 15 desse mês, ali bem próximo do Natal. Não sabemos exactamente se o livro ficou pronto num desses dois dias; mas, numa carta de 18 de Março de 1946, Sebastião da Gama lembrava à namorada: “Faz hoje três meses que a Serra-Mãe saiu a lume. Estou a lembrar-me da minha comoção quando eram já onze horas da noite, e a vi na montra da Portugália, 18 de Dezembro — havemos (sim, Amor?) de ensinar esta data aos nossos filhos.” Desde essa data, o livro Serra-Mãe tem feito um percurso em louvor da Arrábida e o seu título tem servido outras artes — a Serra, pela força transmitida pela paisagem, é constante...

Pelas veredas dos frades franciscanos por El Carmen

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  Casacos, gorros, cachecóis e até luvas! Era talvez a manhã mais fria desde que começou o Outono. Era... mas acabou por não ser! A caminhada Synapsis por El Carmen, na Arrábida, abriu ao Sol, e os caminhantes puderam aliviar casacos, gorros e cachecóis. E assim ficaram todos com certeza mais "próximos" dos frades franciscanos que em tempos idos, de certo com menos conforto indumentário, calcorrearam as mesmas pedras de um caminho ora sinuoso ora aberto, pois era por aquelas veredas que os ditos religiosos se deslocavam entre o Convento e Azeitão. O guia Nuno David recordou Frei Martinho da Cruz, que viveu há quatro séculos e que com certeza deambulou por aqueles carreiros, que o inspiraram para os poemas que ele deixou.  E que horizontes teriam os frades franciscanos ao longo dos tempos. Os mesmos horizontes que os caminhantes tiveram na manhã do passado Domingo: horizonte deslumbrante sobre o mar que o Sol dourava a sul, entrecortado pelos ramos da vegetação luxuri...