Um cenário pós-apocalíptico
Logo a seguir ao cais de embarque dos ferries, nas Fontaínhas, Setúbal, até aos estaleiros da Lisnave (antiga Setenave), numa extensão de mais de treze quilómetros, a margem direita do Sado é uma paisagem caótica, um mosaico de imagens feéricas saídas de um filme pós-apocalíptico. Está à vista de todos. Basta sair da Doca das Fontaínhas, em direcção a leste, pela estrada da Mitrena, e as imagens que nos passam pelos olhos falam por si. Poluição dos solos e da água, sucata por todo o lado, fábricas lançando no ar e na água essências suspeitas e putrefactas, embarcações afogadas numa morte de ferrugem, apodrecendo num areal esverdeado. Aqui ninguém é contra o desenvolvimento industrial! Tão-pouco contra a utilização de infraestruturas que ajudem à economia e à produção de riqueza. Mas isso não justifica o crime que ali está a ser perpetrado há décadas. Nem redime aqueles que vendem progresso à custa de um dos mais valiosos recursos naturais do país, o Estuário do Sado. O que ali se