Sete Luas - Carlos de Medeiros



Há noites que são feitas dos meus braços
E um silêncio comum às violetas.
E há sete luas que são sete traços
De sete noites que nunca foram feitas

Há noites que levamos à cintura
Como um cinto de grandes borboletas
E um risco a sangue na nossa carne escura
Duma espada à bainha de um cometa

Há noites que nos deixam para tràs
Enrolados no nosso desencanto
E cisnes brancos que só são iguais
À mais longínqua onda do seu canto.

Há noites que nos levam para onde
O fantasma de nós fica mais perto;
E é sempre a nossa voz que nos responde
E só  o nosso nome estava certo…

Há noites que são lírios e são feras
E a nossa exactidão de rosa vil
Reconcilia no frio das esperas
Os astros que se olham de perfil.

Natália Correia



Carlos de Medeiros nasceu nos Açores e vive em Lisboa.
O interesse pela fotografia começou em África, durante o serviço militar, nos anos setenta.
Regressado a Lisboa, prosseguiu o seu trajecto como fotógrafo, realizando as primeiras exposições nos anos oitenta.
Participou em inúmeros projectos colectivos, ou a título individual,  não só em Portugal, como no estrangeiro (França, Inglaterra, Espanha , Estados Unidos, Marrocos e  Cabo Verde).
Colaborou com o Théâtre de L’Éclat de Toulouse na realização de cartazes de teatro.
Publicou dois livros de fotografia: “Tierras”, Diálogo Godofredo Ortega Muñoz/Carlos de Medeiros, Diputación de Badajoz – Espanha; “Insomnia”, Amieira Livros – Lisboa.
Representado na Galerie Du Chateau D’Eau (Toulouse, França); Le Parvis (Tarbes, França);  Centro Português de Fotografia; Cinemateca Portuguesa de Lisboa; Teatro Nacional D. Maria II, Museu de Setúbal;  Museu Carlos Machado de Ponta Delgada, bem como em inúmeras colecções particulares.
É membro fundador do Synapsis.




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