Gonçalo Ribeiro Telles (1922-2020)

A RESPIRAÇÃO DO MUNDO - Gonçalo Ribeiro Telles (1922-2020)

Gonçalo Ribeiro Telles desapareceu há poucos dias, aos 98 anos de idade, mas deixou uma obra muito extensa na área da arquitectura paisagista, e não só, o que podia não ter acontecido se não tivesse Ribeiro Telles um tio-avô que morava num 5º andar na Rua das Pretas, em Lisboa, de onde desde muito cedo uma visão sobre grande parte da capital despertou no futuro arquitecto paisagista um espírito arquitectónico, paisagístico e crítico. 

Viria a ser também político - ligado ao Partido Popular Monárquico (PPM) e mais tarde ao Movimento pela Terra (MPT) -, fez parte de diversos Governos Provisórios e Constitucionais, como Secretário de Estado, mas especialmente como Ministro da Qualidade de Vida (algo inédito a nível europeu no princípio dos anos 80). Tido como um visionário, Gonçalo Ribeiro Telles destacou-se como um dos pioneiros de defesa do Ambiente em Portugal e um dos principais responsáveis por muitas áreas verdes de Lisboa, começando, nos anos 50 do século passado, no Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, aqui em parceria com Viana Barreto, premiado em 1975 com o Prémio Valmor e recentemente com o Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva. 

A obra de Ribeiro Telles na capital portuguesa é muito extensa. São da sua responsabilidade as principais áreas verdes de Lisboa, desde Monsanto às Zonas Ribeirinhas, oriental e ocidental, do Vale de Alcântara, ou do Jardim Amália. Mais recentemente, o Corredor Verde de Lisboa, que permite um acesso pedonal desde várias zonas da capital à mancha verde de Monsanto. Foi ainda defensor dos pequenos jardins e hortas urbanas e, a nível nacional, esteve ligado à génese de muitos Parques Naturais, tendo tido intervenção significativa na envolvente urbana da vila de Coruche, no Ribatejo, ou o Vale das Abadias, na Figueira da Foz. Mais recentemente, Ribeiro Telles insurgiu-se contra a inércia ambiental de alguns Parques Naturais e à maneira como o país tem reflorestado as zonas ardidas e as deficiências nos combates aos incêndios florestais, o que, para ele, tem provocado a morte das aldeias e o despovoamento do Interior.

O Synapsis teve acesso a uma entrevista inédita de Gonçalo Ribeiro Telles, concedida pelo Arquitecto Paisagista a um dos membros do grupo, em 2010, que será publicada no Magazine Synapsis de Outono.

 

Fotos e texto: José Alex Gandum 

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