GRANDE ANGULAR - Manhã suspensa no Nevoeiro - fotografia de José Alex Gandum


Nem todas as fotografias têm uma história que valha a pena contar. Esta, por acaso, tem, pois partiu de uma indecisão, de um vai-não-vai, e isto porque não se deve sair de casa sem uma máquina fotográfica, nem que seja para ir comprar o jornal numa 'Manhã suspensa no Nevoeiro'. Mas descortinar uma parte oculta do Cristo-Rei e da Ponte bem ao longe e não ter mais que um smartphone à mão, é uma angústia para quem gosta de captar cada momento, insólito ou não. Num caso destes, há que decidir: voltar atrás e ir buscar uma máquina com zoom (o que demoraria no mínimo uns dez minutos) ou seguir em frente, ir comprar o jornal, tomar um café e ficar a desejar que na manhã seguinte o cenário seja igual ao de hoje. 

Não há que hesitar, é mesmo questão para voltar atrás a correr e ficar fazendo figas para que a cortina de nevoeiro não se dissipe nos minutos seguintes... e a corridinha matinal valeu a pena, ainda mais porque o zoom da câmara ainda permitiu descortinar umas gaivotas esvoaçando no horizonte, o que não era visível a "olho nu". Conclusão fotográfica: um smartphone é muito bom para registar cenas próximas de nós, mas há horizontes que não se compadecem com a emoção dos sentidos.

José Alex Gandum é jornalista, mas divide a sua actividade pessoal e profissional em partes iguais pela escrita e pela imagem. Passou duas décadas no Semanário Expresso, cerca de dez anos numa revista técnica de ambiente, acumulando simultaneamente uma passagem de cinco anos como fotógrafo oficial da Fundação EDP e do Museu da Electricidade, e colaborações em inúmeros jornais e revistas de âmbito nacional e local. Actualmente prepara um projecto na área das Alterações Climáticas. 

Tem feito várias exposições de fotografia a nível individual e colectivas, estas geralmente inseridas no grupo Synapsis. Tem participado em inúmeras colectâneas de contos e de poesia.

 É membro fundador do Synapsis.

GRANDE ANGULAR - Uma secção do blogue Synapsis que leva aos seus leitores a visão única e irrepetível da fracção de segundo que congela e eterniza o tempo: a fotografia. 




 

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