Arrábida abandonada à sua sorte
Não bastavam já as
muitas ameaças que impendem sobre a Serra da Arrábida. Muitas delas fruto da
ganância de empresários e da miopia das autoridades. A começar pela cimenteira,
que se eterniza por lá, parasitando os seus recursos, abrindo medonhas
crateras, atirando para o ar que respiramos fumos suspeitos e cinza doentia. Depois,
as pedreiras, uma chaga a céu aberto, uma monstruosidade sem freio, cheia de
gula, que vai devorando a Serra.
Como já não bastasse
tudo isso para nos inquietar, agora, com a “democratização” do uso das motos,
que atroam no sossego da Serra ao fim-de-semana, soam todos os alarmes. O que
se está a passar com este frenesi motoqueiro raia o absurdo. A estrada de cima
da Serra da Arrábida transforma-se, aos Sábados e Domingos, numa pista de alta
velocidade.
Estamos a falar da
nossa Arrábida. Daquela dádiva extraordinária que a natureza nos legou e que
nos torna a todos responsáveis pela sua salvaguarda e preservação, no espírito
e no respeito pela sua delicadeza e insuperável beleza e harmonia.
Frei Martinho de Santa
Maria igualou-a ao Paraíso; Frei Agostinho da Cruz inspirou-se nela para nos
oferecer a sua inigualável obra poética; Sebastião da Gama cobriu-a de poesia e
deu-lhe humanidade ao crismá-la de Serra-Mãe. Em 2024, um conjunto alargado de
escritores, poetas e fotógrafos contribuiu para a edição de uma obra
extraordinária de ode à Serra da Arrábida. O livro “Espiritualidade da
Arrábida” é um hino a um lugar único no mundo, que tem vindo, há séculos, a inspirar
ascetas e artistas. E doado paz e harmonia ao homem comum, ao caminhante, ao
turista da natureza, a todos quanto a visitam, admiram, amam e respeitam.
Vemos com muita apreensão
a Arrábida abandonada à sua sorte. O Parque Natural, que foi criado para a
defender, prima pela invisibilidade e as autoridades policiais e autárquicas parecem
impotentes para travar a selvajaria que se apodera da Serra aos fins-de-semana.
Para quando a tomada
de medidas justas e adequadas para defender da agressão a que está sujeito aquele
espaço vital de beleza e harmonia?
Salvador Peres
Synapsis 15 anos - Um espaço de cidadania e expressão artística
Biblioteca Municipal, 17 de Maio, 16h00
Numa organização da Universidade Sénior de Setúbal, Synapsis e BPMS, vai ter lugar, na Biblioteca Municipal de Setúbal, a 17 de Maio, pelas 16h00, uma evocação/comemoração dos 100 anos do Poeta Miguel de Castro.
O
acontecimento, com coordenação e moderação de Fátima Ribeiro de Medeiros, conta
com a participação de Arlindo Mota, Avelino de Sousa, José Teófilo Duarte,
Maria do Carmo Branco e Américo Pereira.
A banda e-Vox,
convidada a musicar alguns poemas de Miguel de Castro, vai estrear 4 temas
musicais inspirados em 4 sonetos do Poeta, extraídos da sua obra “Poesia de
Miguel de Castro - Os Sonetos”.
Miguel de
Castro, pseudónimo literário de Jasmim Rodrigues da Silva, conhecido como poeta
do amor e da natureza, publicou os primeiros poemas na Revista “Távola Redonda”,
em 1950.
Salvador Peres
Caminhada Synapsis dia 1 de Junho
Pelos caminhos do Chico das Saias – Arrábida
A próxima caminhada Synapsis vai ser a 1 de Junho, em substituição da que fora anunciada para dia 25 de Maio, ao Creiro e Portinho da Arrábida.
O local escolhido para a nossa caminhada é a Arrábida, na envolvente de um local que tem uma história pitoresca. Por lá viveu, durante muitos anos, uma espécie de eremita, que ficou conhecido por Chico das Saias.
O Programa da caminhada é o seguinte:
08h30 - Concentração junto à Fonte de São Caetano, Estrada dos Picheleiros (M528) (ver link)
https://maps.app.goo.gl/bbxKxd6XeL4mz6yg6
09h00 - Início da caminhada
12h00 - Regresso ao local de partida
Caminhada é gratuita, mas requer inscrição prévia até ao dia 30 de Maio.
Ao certo, não se sabe que idade teria aquele velho e curioso eremita da Arrábida, falecido num dia de Inverno, quando o calendário assinalava a data de 6 de Janeiro de 2007. Seguramente a sua idade rondaria os cem anos, embora ele próprio não soubesse confirmar a data do seu nascimento. Este homem era popularmente conhecido por “Chico das Saias”, uma alcunha que lhe teria sido colocada pelo povo, por andar sempre assim trajado, como se de uma mulher se tratasse.
Ao
contrário do que se possa pensar este velho eremita não era conhecido como
homossexual, nem se lhe eram conhecidas actividades relacionadas com tal
prática. Teria até casado em 12 de Dezembro de 1944, mas a união duraria apenas
pouco mais de um ano.
Segundo
um dia confidenciou, a sua mulher “era má como as cobras”. E quando andava
pelos vinte e tal anos de idade, separou-se dela, deixando a Aldeia de Oleiros
rumado ao interior da Arrábida, instalando-se perto do Castelo dos Mouros, onde
construiu um abrigo.
Era nessa zona da Mata do Vidal, que fabricava carvão, descendo depois ao vale para o vender nas casas dispersas pelos arredores.
Alguns
anos depois, deixou a zona do Castelo dos Mouros e mudou-se cá mais para baixo,
para a região dos Picheleiros, a escassas centenas de metros dos Parques de
Campismo do Barreiro e dos Escuteiros, onde existem algumas fontes de fresca
água que brotam das entranhas da serra.
Durante
os cerca de setenta anos que por ali viveu, sempre que solicitado fazia uns
trabalhos agrícolas, nalgumas propriedades vizinhas, de forma a poder angariar
algum dinheiro, sempre necessário para os seus gastos de mercearia, combustível
e aquisição de materiais de construção.
Mesmo
com a sua vetusta idade ele percorria quilómetros e quilómetros e de vez em
quando era visto em Vila Nogueira de Azeitão, vestido de mulher, usando um
soutien com enchumaço sob a camisola e com a cabeça coberta com uma peruca de
cor castanha ou ruiva, portando a sua pequena alcofa sempre que aqui vinha
fazer compras.
Faleceu
quando deveria rondar já os cem anos.
Em
Junho de 2014, as instalações construídas pelas suas próprias mãos e onde
residira o Chico das Saias foram demolidas pelas autoridades locais e tudo o
que delas restava foi removido para vazadouro, nada mais restando que a sua
memória.
Salvador Peres
Synapsis 15 anos - Um espaço de cidadania e expressão artística
A
imprensa no centro da Revolução de Abril
No passado dia 7 de Maio o auditório do Ministério do Ambiente, em Lisboa, encheu-se para assistir ao lançamento do livro 'O jornal está na rua - a imprensa no centro da Revolução de Abril', obra coordenada pelo jornalista Pedro Marques Gomes, e que conta a colaboração de historiadores, jornalistas ou professores.
O livro
percorre os jornais publicados na época do 25 de Abril de de 1974 e nos meses
que se seguiram ao dia da Revolução, sendo - mais que a televisão ou a rádio -
o principal veículo de comunicação em Portugal. "O jornal está na
rua" era o grito dos ardinas, e realmente "os jornais estavam na
rua", revelando ameaças de golpes, boatos, documentos, comunicados,
desmentidos... mas também rostos e esperanças.
José Alex
Gandum
Synapsis 15 anos - Um espaço de cidadania e expressão artística
Corrida da Mulher juntou mais de 12 mil pessoas em Lisboa
José Alex Gandum
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