Carlos de Medeiros - Espreitando o invisível

 






Conheci o Carlos de Medeiros por meados dos anos 90 do século passado. Desafiado por amigos comuns, fui à inauguração de uma sua exposição de fotografia no restaurante “Ponto Final”, no Cais do Ginjal, em Cacilhas. O ambiente estético do preto e branco já dominava a sua expressão fotográfica. As suas imagens, marcadas por uma expressão de forte contraste, remetiam já para distintos olhares, com leituras subliminares e ocultas, que nos convocam para as olhar repetidas vezes em busca de um sentido que muitas vezes nos escapa. As fotografias de Carlos Medeiros não se esgotam num simples olhar, Não cansam. Não se tornam rotineiras. Não se esvaziam de sentido. Há sempre algo novo que brota da imagem que fixou: um ângulo, uma perspectiva, um detalhe, um vislumbre de significado que nos escapa.

Na exposição “Turdus Merula – du ciel silencieux”, recentemente inaugurada e patente ao público na Galeria Monumental, em Lisboa, espreita-se a beleza feérica do invisível e do impenetrável. O fotógrafo questiona, num olhar penetrante sobre a matéria, os limites da compreensão da realidade, desafiando e questionando a fronteira difusa que separa o real do imaginado.






Carlos de Medeiros nasceu nos Açores e vive em Lisboa.

O interesse pela fotografia começou em África, durante o serviço militar, nos anos setenta.

Regressado a Lisboa, prosseguiu o seu trajecto como fotógrafo, realizando as primeiras exposições nos anos oitenta.

Participou em inúmeros projectos colectivos, ou a título individual,  não só em Portugal, como no estrangeiro (França, Inglaterra, Espanha , Estados Unidos, Marrocos e  Cabo Verde).

Colaborou com o Théâtre de L’Éclat de Toulouse na realização de cartazes de teatro.

Publicou dois livros de fotografia: “Tierras”, Diálogo Godofredo Ortega Muñoz/Carlos de Medeiros, Diputación de Badajoz – Espanha; “Insomnia”, Amieira Livros – Lisboa.

Representado na Galerie Du Chateau D’Eau (Toulouse, França); Le Parvis (Tarbes, França);  Centro Português de Fotografia; Cinemateca Portuguesa de Lisboa; Teatro Nacional D. Maria II, Museu de Setúbal;  Museu Carlos Machado de Ponta Delgada, bem como em inúmeras colecções particulares.

É membro fundador do Synapsis.

 


A exposição está patente ao público na Galeria Monumental, em Lisboa, até ao dia 28 de Junho.

Salvador Peres


 Synapsis 15 anos - Um espaço de cidadania e expressão artística




O eterno descanso de Hermeneu Proudino

Foi hoje a enterrar Hermeneu Proudino, feliz morto que ainda ontem faleceu. De seu, levou à cova o corpo que Deus lhe deu.

Ao funeral não foram amigos, nem parentes nem ninguém: só a carripana e dois coveiros, a primeira por suporte, os segundos por profissão.

Ainda antes de cair à cova, estava já esquecido de todos, até da carripana que o carregou.

Em vida, conheceram-no sob muitos ângulos, mas nenhum recto: todos agudos, rasos e obtusos.

Quando nasceu, vinha marcado com destino e sina: tudo conforme o que deve ser.

Trabalhou que nem uma mula, o que não lhe trouxe grande proveito: nem a ele nem à mula.

Faleceu num Domingo, dia bom para falecer, pois é dia de descanso obrigatório, que, no caso, foi de eterno descanso. Já em vida nunca descansou, porque não era pessoa para isso.

Labutou para dar um sentido à sua curta existência; trabalho inútil, por manifesta falta de tempo.

No momento de prestar contas a Deus, que contas vai prestar? Fica sem resposta a pergunta, porque é uma pergunta sem resposta.

Ao subir ao céu levou consigo a sua incessante busca por razão e ser, conceitos fugidios, acoitadas nos recônditos de um lugar chamado alma, ou lá o perto.

Agora, já não exulta com vibrantes alegrias nem com deprimentes tristezas. Falecido que está, nada lhe é mais grato do que o inútil prazer de estar morto.

Foi hoje a enterrar Hermeneu Proudino, feliz morto que ainda ontem faleceu. Não disse adeus a ninguém, tão-pouco alguém se despediu dele.

Viajante para o além, que não sabe ao certo onde fica, nem se tem retorno, tirou, à cautela, bilhete de ida e volta, mas não conta regressar.

 

Salvador Peres


 Synapsis 15 anos - Um espaço de cidadania e expressão artística



AGENDA






Feira do Livro de Lisboa até dia 22 de Junho

 

A Feira do Livro de Lisboa realiza-se este ano entre os dias 4 e 22 de Junho. Uma boa aposta por parte da organização que deste modo aproveita os três feriados do mês: dia 10, dia 13 (feriado em Lisboa) e dia 19. E isto porque embora seja mais tranquilo e mais produtivo "dissecar" a Feira durante os dias de semana (porque a afluência de pessoas é menor, o que facilita as buscas de títulos), é nos dias de fim-de-semana e nos feriados que a Feira "vive" os seus maiores momentos, quando é possível encontrar os escritores consagrados (e os menos consagrados) para que os fãs peçam autógrafos ou até consigam dois ou três dedos de conversa com os seus ídolos da escrita. 

 

José Alex Gandum



Ateliers de Verão no MAEDS

 

Os Ateliers de Verão estão de volta ao MAEDS com três semanas cheias de criatividade, descoberta e diversão! Preparámos oficinas únicas para crianças entre os 7 e os 13 anos, onde a arte, a natureza e a imaginação se encontram.

 1 a 4 de julho

"Fios e Cores: Uma Aventura Criativa"

Descobre as maravilhas da tapeçaria e do desenho numa oficina especialmente pensada para ti! Vais aprender a manusear diferentes materiais e ferramentas para criar peças de tecido originais e a desenvolver as tuas habilidades de desenho com exercícios práticos e divertidos. Uma oportunidade para experimentares novas formas de expressão artística e deixares a tua imaginação fluir!

 8 a 11 de julho

"Laboratório Criativo"

Nesta oficina vais construir instrumentos musicais fantásticos com materiais reutilizados, inventar jogos muito divertidos e ainda descobrir os segredos dos jogos tradicionais portugueses. Prepara-te para criar, aprender e brincar muito!

15 a 18 de julho

"Natureza: Descobrir, Criar e Partilhar"

Juntos, vamos criar um livro muito especial sobre a natureza que nos rodeia! Nesta oficina, vamos explorar o mundo das plantas e dos animais, aprender sobre as suas características e descobrir como vivem. Depois, cada um de nós vai transformar as suas descobertas em desenhos, pinturas, colagens, cianotipias e pequenas histórias. Vamos usar a nossa imaginação e criatividade para dar vida às flores, às árvores, aos pássaros, aos insetos e a tudo o que encontrarmos na natureza. No final, teremos um livro único, feito por nós, para partilhar com a família e os amigos!

 

INFORMAÇÕES GERAIS:

Idades: Dos 7 aos 13 anos

Horário: 10h00 às 12h00 (terça a sexta-feira)

Preço: €20 por atelier (materiais incluídos)

Inscrições: Vagas limitadas! Inscreve-te em https://forms.gle/qFGcMTwJEeknJCKLA

 

Junta-se ao MAEDS para umas férias de verão cheias de arte, experiências novas e boas memórias!


Ana Isa Férias


 Synapsis 15 anos - Um espaço de cidadania e expressão artística



 FICHA TÉCNICA

Coordenação Editorial de Salvador Peres e José Alex Gandum

 Textos de Ana Isa Férias, José Alex Gandum e Salvador Peres

 Imagens de José Alex Gandum, MAEDS e Salvador Peres

 Edição de Salvador Peres





Comentários

Mensagens populares deste blogue

Synapsis comemora hoje 15 anos de vida

O sonho e a luz na arte de Nuno David

Arrábida abandonada à sua sorte