Sou uma sereia. Deves procurar-me em terra ou no mar? - Fernando Antunes



Passo os dias nas dunas
perdido, olhando o mar
esta é minha vida
não me perco noutro lugar

Assim tem sido ao longo dos anos
sempre me pudeste encontrar
dia após dia de tudo se falou 
teu canto de sereia a embalar

Se teus seios são búzios
ao mar te vou buscar
Se redondos frutos silvestres
a meu lado te vens sentar

Se são algas teus cabelos
limito-me a mergulhar
se finas raízes
em terra nos iremos amar

Se cheira a maresia
é certo que vou ao mar
tua pele sabe a amora
em terra, te desejo, agora

Querida sereia, depois destes anos
ouvindo teu cantar
procuro-te em qualquer lado
para te poder adorar


Fernando Antunes



Fernando Antunes nasceu no Barreiro. Licenciado em Organização e Gestão de Empresas pelo ISCTE. Tem desenvolvido a sua actividade profissional na área dos Serviços, nas principais cidades portuguesas, em Macau onde viveu em 1980/1981 e na Guiné-Bissau onde viveu entre 1996 e 2000. Desde aí vive entre Portugal e a Guiné, tendo viajado por diversos países da Europa, Oriente e da África Ocidental. 

As suas ligações afectivas a sítios e gentes tão diferentes marcaram a sua forma de escrever, que recorre ao mais profundo da memória. 

Da sua obra poética tem publicado em edição de autor os títulos: “Pedaços de Mim”, “Raiz Minha” e “Rosas na Hospedaria do Vento”. Com a chancela da editora do Centro Cultural de Bissau - Instituto Camões o título “Sensações” e da Chiado editora “Fragilidades do Porto de Abrigo”

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