Carlos do Carmo - Calou-se a voz do Senhor do Fado

 

Carlos do Carmo disse-me um dia que não escrevia poemas porque outros escreviam melhor que ele aquilo que ele próprio sentia. De uma educação e disponibilidade raras nas figuras públicas, Carlos do Carmo foi mais que fadista, foi um comunicador a falar e a cantar... O microfone calou-se no passado dia 1 de Janeiro, mas as colunas continuam a debitar a sua Voz e emoções.

 José Alex Gandum

 

Dizer que sim à vida

Dizer que sim à vida
Dizer que não à morte
Dizer na despedida
Que o tempo é o mais forte

Dizer que sim à vida
Dizer que não à morte
Jogar na despedida
A carta que é a sorte

Dizer a toda a gente
Que o amor de repente
Entrou no nosso jogo
Dizer a toda a gente
Que o nosso corpo é quente
A nossa boca ardente
E a nossa alma fogo...

E se não for verdade
Tudo o que nós dizemos
Tudo o que nós sentimos
Também não é saudade

Por isso é que nos rimos

Dizer que sim à vida
Dizer que não à morte
Jogar na despedida
A carta que é a sorte

Dizer a toda a gente
Que o amor de…

Dizer que sim à Vida  

(Ary dos Santos/Fernando Tordo - 1972)

Bom dia, Meu Amor

(Vasco de Lima Couto/Martinho D'Assunção - 1975)







Comentários

  1. Mais palavras para quê? Parabéns, Alex! Uma belíssima foto de Carlos do Carmo a cantar o fado, com Lisboa à sua volta e um poema de Ary dos Santos a "Dizer que sim à vida", tem tudo para repassar a figura deste Grande senhor, que foi e é Carlos do Carmo. Até sempre!

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  2. Muito obrigado, Isabel. Sempre fui um admirador da personalidade e do profissionalismo de Carlos do Carmo, que felizmente conheci pessoalmente. Nunca há homenagens suficientes porque a maior homenagem é a Vida.

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  3. Partiu " Alguém" que tive a honra de conhecer pessoalmente

    Hoje olho Lisboa e o Tejo que passa a seus pés, mais pobres !

    Perante um sol e frente do Tejo,
    algo dentro de mim, me revolvo.
    É o rio que passa mais devagar,
    procurando marear,
    a árvore verde rediviva,
    o breve risco se estende,
    já em velho esboço,
    com um tempo que desse
    o espaço necessário
    já a um impossível abraço.
    Porque esta religação
    da palavra posta em poema,
    em texto que se já esculpindo,
    continuará a ser eternidade,
    dia a dia , exercitada.

    -Até sempre Carlos do Carmo .

    ( Helder Esdras Martins )

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