A fotografia e o objecto fotografado - Alexandre Murtinheira
Que significado tem esse instante em que o fotógrafo prime o botão da máquina fotográfica ou do telemóvel e fixa uma fracção da eternidade? O que procura ele? O que obtém ele? O que fica desse momento único? E o que que resulta desse instantâneo? A imagem de um mundo que ainda existe, ou o reflexo de um mundo que findou no momento em que ficou congelado naquela representação?
Olhar para uma fotografia suscita estas e
outras perguntas. Não há forma de arte que nos interrogue tanto como a
fotografia. O seu mimetismo remete-nos para a coisa fotografada e para o seu contrário,
aproximando-nos e separando-nos dela no acto de a fixar. A imagem que obtemos é,
a dois tempos, uma cópia do original e algo novo e diferente que só remotamente
nos liga ao objecto fotografado.
As fotografias de Alexandre Murtinheira
questionam-nos. Que Cabo Espichel é aquele? E que Ermida se ergue por sobre a
falésia do Cabo? Que esplendor e intermitências são aquelas que sobrevoam a
Arrábida? E que formas enformam arquitectura e transparência?
Nas fotografias de Alexandre Murtinheira há um
mundo que se descola do mundo: a
fotografia e o objecto fotografado.
Salvador Peres
Trabalho de muita qualidade na adequação do texto às fotografias e em ambos individualmente. Uma belíssima reflexão sobre esplendorosas fotografias, sem intermitências no sublime de cada uma. Muitos parabéns Salvador Peres e Alexandre Murtinheira!
ResponderEliminarA arte, a sensibilidade e a técnica de captar o momento. Mtos Parabéns Alexandre e um grd abraço para os dois.
ResponderEliminarJoão Oliveira fez o comentário anterior.
ResponderEliminarUm belíssimo trabalho fotográfico que decerto inspirou o belo texto que o acompanha
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