Fugas para caminhos com a Natureza - Isabel Melo

 

Fugas para caminhos com a Natureza, mais que estar na moda, são hoje parte integrante da nossa vida e sociedade, como meio para alcançar um equilíbrio emocional. Se a ligação a um turismo mais sustentável se vinha acentuando nos últimos tempos, agora, num pós- confinamento, a nossa ânsia de liberdade remete a uma busca incessante de caminhos que nos levam a uma convivência cada vez mais intensa com o ambiente. Lugares mais ou menos explorados que nos são dados a descobrir de uma forma mais fácil, mais natural, mais entrosada coma Natureza. Os portugueses reforçaram o seu ponto de encontro e necessidade de espaços livres, amplos, com actividades de aventura ou de contemplação que nos transportam a um bem-estar, há muito esperado. A juntar a essa procura de libertação, também uma consciência e necessidade de vida saudável, bem como uma maior consciência ecológica junto da população. Todos esses percursos e lugares são procurados individualmente, em família ou suportados por um número amplo de grupos de caminhadas, de pequenas agências especializadas em turismo natural, visando a descoberta de novos roteiros. Acresce agora uma nova preocupação de segurança e uma adaptação ao actual mundo diferente, com os necessários cuidados de distanciamento e cumprimento de regras sanitárias. Em nome dessa descoberta criou-se a Grande Rota das Aldeias Históricas de Portugal, com uma rota de trilhos e caminhos com cerca de 60 quilómetros, garantindo uma conciliação com a Natureza em estado selvagem, liberdade e paz. Para facilitar uma fruição cada vez mais completa, existe, também, um melhor planeamento, informação e publicidade ligado aos turismos locais, bem como uma maior expansão para o interior, nomeadamente no desenvolvimento de infraestruturas e divulgação dos costumes, tradições e história local. Existe, hoje, uma infindável oferta em busca de uma vida ao ar livre, seja através de caminhos pedestres, trilhos, ecovias, passadiços, ciclovias ou pontes suspensas. Surgiram pacotes diversos de mais ou menos dias, juntando pontos de interesse nas áreas circundantes. Os passadiços do Paiva e Cascata Mizarela, é um exemplo de oferta da caminhada pelos passadiços, contemplando paisagens idílicas, dando para conhecer a Serra da Freita com características geológicas únicas. Entretanto, em Arouca surgiu uma das pontes suspensas mais altas do Mundo, combinando com o Arouca Geopark. Existem os já clássicos trilhos do Gerês com as cascatas e toda a cultura e história da região, sendo muito procurado recentemente o caminho do “Pequeno Tibete Português”, com caminhadas pelo Sistelo e passeios de bicicleta ou a pé pela Ecovia do Rio Lima. O cicloturismo está muito difundido, como pelo Parque Natural da Serra da Estrela, com o deslumbramento do Vale Glaciar do Rio Zêzere e até se pedala na linha de comboio desactivada na “Rota do Contrabando do Café”, em plena Serra de S. Mamede, junto a Marvão e Castelo de Vide. Os sempre clássicos caminhos pela Serra de Sintra e Serra da Arrábida, são cada vez mais procurados e desenvolvidos, em busca de um ecoturismo e espanto pelas belezas naturais. Contemplação, beleza, aventura e conhecimento podem ajudar a superar esse vazio indelével trazido por tempos de sofrimento. Essas janelas para a Natureza de horizonte amplo e desafogado, são como uma lavagem da nossa própria alma e um abraço à nossa própria paz.

Isabel Melo







Fotografias de Alberto Pereira



Comentários

  1. Que grande e excelente reportagem capaz de deixar no leitor a vontade de fazer esses vários percursos. Portugal vale a pena e (d)escrito desta maneira ainda mais. Obrigado à Isabel e ao Alberto... e também parabéns ao Nuno David por esta e outras obras sublimes na Quinta de Alcube.

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  2. Belo texto, Isabel, bem assessorado pelas fotografias do Alberto. Desperta ainda mais a vontade, que já não é pouca, de ir por esses lugares mágicos deste nosso Portugal tão cheio de encanto. Parabéns aos dois. Salvador

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