Visitar os Picos do Arieiro e Ruivo e levar na mala a melhor leitura
Neste Verão, que convida a visitar novos lugares, o blogue
SYNAPSIS dá continuidade às sugestões de locais a visitar. Esta semana, damos a
conhecer os Picos do Areeiro e o Pico Ruivo, em Santana, Madeira e sugerimos leituras "para a borda da piscina, para a praia, para a
esplanada ou para o banco de jardim”.
A real beleza do Pico do Areeiro e Pico Ruivo, Santana, Madeira
Este trilho liga os dois pontos mais altos da ilha da Madeira, O Pico do Areeiro com 1817 metros de altitude e o Pico Ruivo com 1862 metros de altitude. É um percurso linear e que desafia todos os nossos sentidos. Possui túneis, declives acentuados, paisagens fantásticas do maciço montanhoso e, por vezes, pode ver-se o nevoeiro num jogo divertido com os picos da montanha. Este itinerário tem início no Pico do Areeiro e a poucos metros existe o miradouro do Ninho da Manta, local onde a ave de rapina Manta nidificava. Daqui é só seguir as subidas íngremes, escadarias e aproveitar as energias positivas das belas paisagens até atingirmos o Pico Ruivo. Depois, em vez de voltar para trás, pode descer-se pela vereda da Achada da Teixeira até ao parque de estacionamento onde se pode encontrar transporte (previamente combinado) para regressar ao Pico do Areeiro. Ao longo do percurso pode-se observar várias grutas, diversas espécies de aves e vegetação característica deste local, entre elas a Urze e a Violeta da Madeira.
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Ler
no verão
Na
praia, na esplanada ou em casa, que livros nos acompanham?
Sugerir leituras
para o verão, para as férias, para a borda da piscina, para a praia, para a
esplanada ou para o banco de jardim não é tarefa das mais fáceis, sobretudo se
for feita através da rádio, de um jornal ou de um qualquer periódico digital. E
porquê? Porque não estou a ver os olhos daqueles a quem dou sugestões. E isso
para mim é fundamental, olhar nos olhos do leitor, perceber o que me dizem
perante cada livro, criar logo ali uma sedução, um coup de foudre. Vou dar
mais do que uma sugestão, vou apresentar várias obras, que é o que faço comigo
mesma, escolhendo e lendo em simultâneo vários livros para companhia dos meus
dias. Alguns são livros de pequeno formato, dos que se guardam facilmente num
bolso ou junto à garrafa de água. Outros têm mais algumas páginas, para ir ao
encontro daqueles que gostam de se cruzar com muitas palavras e emoções a
preencher as folhas. Quanto ao livro novidade, não se esqueça de que um bom
livro é sempre atual, por isso não se preocupe em escolher apenas títulos
acabados de publicar. Procure os fundos editoriais e deixe-se cativar.
Há quem considere que há leituras específicas de verão. Para mim todas as leituras são boas para qualquer época do ano. Tudo depende do espírito do leitor. Há, porém, receitas que são infalíveis. Um David Lodge, por exemplo, é sempre sucesso garantido, basta procurá-lo, escolhê-lo e levá-lo para férias. Com alguma sorte pode até ser que o encontre nos saldos. E por que não um clássico? Melhor ainda, um clássico que nos leve a viajar por terras distantes. Que tal este de Marco Polo, Viagens? Aposto que já ouviu falar dele milhares de vezes, mas nunca teve coragem de o retirar da estante e colocá-lo na pilha dos livros a levar consigo. Tem capítulos curtos, para pegar e largar com facilidade e, além disso, serve para toda a família, miúdos e graúdos, já que é um verdadeiro livro de aventuras.
Afinal sempre
lhe está a apetecer ler uma novidade editorial, daquelas mesmo acabadinhas de
sair. Tudo bem. Veja este livro aqui. Foi posto à venda por estes dias: Carta
do Achamento do Brasil, de Pero Vaz de Caminha, com o texto atualizado
e uma importante introdução de Onésimo Teotónio Almeida. Este prefácio
vale um novo olhar sobre a obra, já que é ele próprio uma peça literária de
muita relevância.
E um livro
daqueles que se veem ao longe, coisa para um mês inteiro de leitura? Também os
há, cheios de interesse, como os títulos de Umberto Eco, por exemplo A
Misteriosa Chama da Rainha Loana, que avisa na capa ser um “romance
ilustrado”. Trata-se de um livro sobre livros (e algo mais) que nos agarra
desde o primeiro momento, levando-nos a fazer um percurso semelhante ao do
protagonista, o alfarrabista Yambo que perdeu a memória e a recupera através
dos seus livros.
E se partirmos à descoberta de uma nova editora? Há várias, com ótimos livros, mas paro na
estante da Barco Bêbado e escolho dois títulos, daqueles que se leem entre dois
cigarros, «Por menos, só talvez no Biafra», correspondência entre
Vitor Silva Tavares, Mário Cesariny e Sérgio Lima,
imperdível para quem aprecia as três personagens e tem um fraquinho por
literatura epistolar. E, já agora, Intervenção (Minha) Surrealística?!!!!!,
dezasseis páginas assinadas por Luís Pacheco, no melhor estilo
“pachecal”.
Vamos agora às
propostas de poesia. O quê? Poesia não é leitura de férias? Quem foi que disse
isso? Qualquer dia é um bom dia para ler poesia, onde quer que estejamos. Basta
querermos. Venha espreitar a reedição já deste ano do terceiro volume da Obra
Poética, de Artur do Cruzeiro Seixas. Sim, dele mesmo. Não sabia
que também escrevia? Pois sim, e muito bem! Tão bem como pintava. E que tal a Poesia
Completa, de Maria Alberta Menéres? Todos os seus livros de
poemas estavam há muito esgotados, daí a importância desta compilação que dá a
ver como Menéres é um nome grande da sua geração. Saindo fora de portas, já leu
alguma coisa de Louise Glück, a escritora galardoada com o Nobel da
Literatura em 2020? Aproveite estas férias para isso e deixe-se seduzir pelos
poemas de Averno, publicação bilingue que vai permitir-lhe ler os
textos na língua em que foram escritos.
Que tal temperar
as suas escolhas com banda desenhada? Sugiro-lhe que procure um clássico, um
álbum de Will Eisner, o pai da novela gráfica,
por exemplo Um Contrato com Deus (A Contract With God). Pode
até preferir lê-lo em inglês. Ou então escolha uma obra gráfica portuguesa de
2019, Planície Pintada, de Diniz Conefrey e Maria João
Worm, onde vai encontrar quatro adaptações de textos de etnias indígenas da
América.
Antes de
terminar esta viagem por livros que considero imperdíveis, permita-me que lhe
sugira um outro itinerário, através do olhar de vários escritores que, por
acaso (ou talvez não), estão de alguma maneira ligados aos Açores. Basta
folhear Viagens I e cruzar-se-á com Álamo Oliveira, José
Francisco Costa, Onésimo Teotónio Almeida, Urbano Bettencourt, entre muitos
outros que já conhece, ou que vai gostar de conhecer. Destaco o texto de Leonor
Simas-Almeida, “A minha primeira viagem ao Maine”, numa escrita
intimista que tem a biografia como ponto de partida, para ler com todos os
sentidos bem despertos. Agora é só pegar nesta lista e levá-la ao sítio do
costume. Boas leituras!
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