Synapsis - os nossos votos de Boas Festas
Quando a noite cai
Quando nas ruas a multidão
esmorece
E a noite cai, fria e indiferente
Quando encerram as lojas e o
comércio arrefece
Há algo no ar, qualquer coisa pungente
Um silêncio genuíno, tranquilo e
despojado
Um contido desespero, um murmúrio
em surdina
Um lamento que se eterniza, longo
e pesado
Uma sombra que se esvai no virar
de cada esquina
A vinte e quatro, quando o
comércio encerra
E da luz, uma súbita treva se
anuncia
A penumbra dos deserdados desce à
Terra
E enche de sombras a rua vazia
É nesse deserto, nessa absoluta solidão
Que o Natal nu e cru se desvela
E o Menino deixa o calor da
multidão
E feito sol, na escuridão, se
revela
E do breu faz luz, como seu Pai
lhe ensinou
Levando a alegria àquela solidão
E nas ruas por onde o desespero
andou
Anda agora o Menino com o Natal pela
mão
Salvador Peres
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