Uma exposição de Maurício Abreu e uma viagem pelas aldeias da Piedade, São Pedro e Portela

Esta semana, o Blogue Synapsis destaca:

 

- A exposição “Quantas minorias fazem o todo?”, do fotógrafo setubalense Maurício Abreu. A exposição, inaugurada a 7 de Abril, pode ser vista no Museu de Setúbal/Convento de Jesus até ao dia 17 de Julho.

 

- “Caminhando pelas Aldeias da Arrábida”, uma reportagem de uma caminhada Synapsis, desde as aldeias da Piedade, São Pedro e Portela, passando pelo Porto de cambas e pelas terras do Alambre.


A historiadora Raquel Varela vai estar no auditório da Junta de Freguesia da Charneca de Caparica na Quinta-feira, 2 de Junho, a falar sobre a 'Comuna de Paris de 1871 - o Poder aos Cidadãos'


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Exposição “Quantas minorias fazem o todo?”


(José Félix)

Entre 1997 e 2000, Maurício Abreu (fotógrafo residente em Setúbal) desenvolveu o projeto “Retratos do Fim do Século”, materializado numa exposição e num livro, onde pretendeu, segundo as suas próprias palavras, produzir “um fresco da sociedade de Setúbal” do fim do século XX. Os seus retratos mostram pessoas concretas não

indivíduos anónimos. Pessoas que, através das suas personalidades e atividades, contribuíram para caracterizar a sociedade local. Selecionámos alguns desses retratos para esta exposição.

Uma comunidade/sociedade, qualquer que seja, possui uma identidade comum, mas essa resulta da diversidade, elemento enriquecedor e alavanca para o conhecimento, para o esclarecimento e para a descoberta. A diversidade contribui para o desenvolvimento e é um antídoto natural da estagnação. A história milenar da
humanidade é prova disso.

Estes retratos fazem-nos refletir na complexidade do que somos. Pertencemos simultaneamente a vários grupos, pela nossa experiência de vida, pela nossa idade, pelo nosso nível de literacia, profissão, género, orientação sexual, etnia, língua, religião, ideologia, pelos nossos talentos, gostos, preferências e preocupações.
É-se idoso, mas também homem, vendedor de peixe, porventura pai, adepto e…, ou seja, essa pessoa não se resume a ser um elemento da população idosa, minoria social que, na generalidade, possui um baixo nível de escolaridade, poucos recursos económicos e é propensa a sofrer de solidão e/ou isolamento. Essa pessoa é mais do que isso.

          (Magarefe Oficial de Matança)

Do mesmo modo não se é apenas um elemento da comunidade circense ou não se é apenas recluso ou não se é apenas elemento de uma qualquer etnia. Todos pertencemos a minorias e todos somos parte do todo. Muitas são apenasprolongamento dos nossos interesses e meios de sociabilização, como uma associação,uma banda filarmónica, um clube motard, um rancho folclórico. Outras, infelizmente,são alvo de discriminação, preconceito, incompreensão, exclusão social, intolerância, ignorância. É real e diária essa atitude.

Poderá esta exposição ser, num mundo incapaz de resolver a intolerância, uma ode à diversidade e ao direito à diferença, dentro da igualdade de direitos e do respeitorecíproco?

A exposição, inaugurada a 7 de Abril, pode ser vista no Museu de Setúbal/Convento de Jesus até ao dia 17 de Julho.


Curadoria da exposição é de Francisca Ribeiro.


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Caminhando pelas Aldeias da Arrábida

 




Piedade, São Pedro e Portela são algumas das aldeias mais típicas da Arrábida. Foi por lá que que nos levou a caminhada Synapsis do passado Domingo, dia 29 de Maio.

Numa manhã de céu brumoso, pintalgado de várias tonalidades de cinzento, aqui e ali mostrando vastas clareiras de um azul desmaiado, quinze decididos caminhantes deram início a um percurso circular, num itinerário de oito quilómetros, com início na Aldeia da Piedade e fim na Aldeia da Portela.

O encontro deu-se na Aldeia da Piedade, designação que pode estar relacionada com o nome de uma igrejinha que existiu naquele local. É uma aldeia formosa, com o casario formando um gracioso conjunto bem enquadrado na paisagem circundante. No centro da aldeia, pode apreciar-se o típico largo do poço, lugar de encontro e convivência do povo da aldeia.




A caminhada estendeu-se por azinhagas e atalhos frondosos e verdejantes até à primeira paragem obrigatória, a Capela de S. Pedro. “Segundo um relato de uma Visitação da Ordem de Santiago (1516), a capela é tão antiga que não há memória de quem a teria acabado nem de quem a teria reedificado; diz-se nesta Visitação que a dita capela é uma casa com as paredes de pedra e barro, e coberta de telha vã, tem um altar de pedra e cal em que está a imagem de São Pedro de madeira, pintada”.





Sempre a descer, o grupo chegou perto de uma placa toponímica onde se lia a inscrição “Rua do Porto de Cambas”. A rua “que levava ao respectivo porto, está, em parte, destruída pela erosão, sendo apenas possível a passagem a pé. Do porto esse não existe, mas a ponte de Cambas, essa lá está para fazer jus ao nome sendo visível a ponte primitiva em arco relativamente estreita por debaixo da actual”. Em época remota, “a ribeira era navegável até Coina, e serviria para transportar o moscatel, vinho e legumes e também a rainha D. Constança esposa de D. Pedro I para a sua quinta de Nogueira, em Azeitão”.

Deixando para trás o emaranhado de espesso de vegetação que cobre a antiga ribeira de coina, o grupo avançou para sul, por veredas e airosas serranias em direcção ao Alambre.




Depois três horas de marcha moderada, a caminhada terminou na Aldeia da Portela. “Ninguém sabe quem primeiro construiu a primeira casa naquele sítio, mas vem-lhe o nome do facto de estar no cume da elevação e de aí – nessa portela – passar a estrada para o Parral e para El Carmem”. 


Texto e fotografias de Salvador Peres


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Raquel Varela e a Comuna de Paris de 1871




A historiadora Raquel Varela vai estar no auditório da Junta de Freguesia da Charneca de Caparica na Quinta-feira, dia 2 de Junho, a falar sobre a 'Comuna de Paris' de 1871



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