A espiritualidade da Arrábida. Tudo começou num medonho temporal

Esta semana, o Blogue Synapsis destaca:

 

- A espiritualidade da Arrábida. Tudo começou num medonho temporal

Cerca de 1215, um abastado mercador inglês, Hildebrant, rumou a Lisboa para negociar a volumosa mercadoria que trazia a bordo. Na embarcação seguia também, no porão do navio, uma imagem de pedra de Nossa Senhora, de quem o mercador era muito devoto. À aproximação de Lisboa, caiu sobre os navegantes uma tremenda tempestade que os atirou para a vizinhança do Cabo Espichel. À mercê da força destruidora do temporal, e na iminência de um naufrágio, Hildebrant suplicou o auxílio de Nossa Senhora. Como por milagre, uma luz resplandecente rasgou o negrume da noite e a tormenta amainou.

Textos e fotografias de José Alex Gandum e Salvador Peres

 

- João Vaz e Capella de S. Vicente em concerto em S. Sebastião

Teve lugar, no passado Sábado, dia 26 de Novembro, na Igreja de S. Sebastião, o encerramento do 1.º Ciclo de Órgão e Canto, com um concerto do organista João Vaz e do grupo coral Capella de S. Vicente, sob a direcção de Pedro Rodrigues.

Do programa constou Música Portuguesa Mariana e de Advento e Música Inglesa de Advento e Natal dos compositores António Carreira, Aires Fernandes, Pedro de Araújo, Manuel Rodrigues Coelho, Francisco Correa de Arauxo, D. Pedro de Cristo, John Stanley, Henry John Gauntlett, Boris Ord, João Vaz e Felix Mendelssohn-Bartholdy.

Texto de Salvador Peres. Fotografias de Isabel Melo

 

- Escrito nos Livros - Uma biografia. Richard Zenith

“A cidade de Durban, racialmente tripartida, com as suas imbricadas subdivisões por linhas sociais, económicas e religiosas, pode ter sido precisamente o espaço de gestação do espírito de tolerância que marcou o pensamento tanto de Pessoa como de Gandhi, sendo que ambos acreditavam que a verdade é tão variável como as pessoas que vivem pela verdade.”

A escolha de Elisabete Caramelo

 

- Palavras que não mudaram o Mundo - Comissão liquidatária?

Nunca tive muita fé nos nossos governantes (antigos ou actuais), nem fui iluminado por nenhuma fé fulminante em relação aos que cá estão por agora. O facto é que são estes, em resultado das últimas eleições, que chegaram ao poder e gerem os magros recursos deste nosso país menos que remediado. Não lhes gabo a sorte, transformados que estão numa espécie de Comissão Liquidatária, num país sempre de mão estendida.

Salvador Peres, Novembro de 2022

 

- Na minha cidade há um Rio

Esta semana, uma fotografia de Francisco Borba a que demos o título de “Uma vela no Rio”. Os cambiantes de azul e branco com Tróia em fundo. E um veleiro sulcando suavemente a leveza impassível do Rio.

Fotografia de Francisco Borba. Texto de Salvador Peres

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A espiritualidade da Arrábida. 

Tudo começou num medonho temporal


Por esta Serra acima


Por esta Serra acima... em silêncio, porque o caminho assim o aconselhava. Se Frei Agostinho da Cruz cá voltasse de certeza que se sentiria bem integrado no grupo que galgou degraus e veredas até chegar ao Convento Velho na Serra da Arrábida. O Sol e o Céu azul salpicado de branco foram cúmplices da demanda que se fez a lugares sagrados do passado... e do presente. Ao longe o Mar, brilhante, a contrastar com o verde intenso da Serra. Passo a passo refizeram-se os caminhos que Frei Agostinho da Cruz e outros religiosos fizeram há mais de 400 anos. Quem sabe se no restolhar da vegetação não estaria a sua presença? E na poesia dos passos, o próprio Frei apareceu a abrir o portão dos seus refúgios e a partilhar um pouco do seu Mundo... foi uma manhã mágica na sempre mágica Serra da Arrábida. 

JAG



A espiritualidade da Arrábida

Tudo começou num medonho temporal

Cerca de 1215, um abastado mercador inglês, Hildebrant, rumou a Lisboa para negociar a volumosa mercadoria que trazia a bordo. Na embarcação seguia também, no porão do navio, uma imagem de pedra de Nossa Senhora, de quem o mercador era muito devoto. À aproximação de Lisboa, caiu sobre os navegantes uma tremenda tempestade que os atirou para a vizinhança do Cabo Espichel. À mercê da força destruidora do temporal, e na iminência de um naufrágio, Hildebrant suplicou o auxílio de Nossa Senhora. Como por milagre, uma luz resplandecente rasgou o negrume da noite e a tormenta amainou.


Já proximidade de Alportuche, na Arrábida, para onde a tormenta empurrou o barco, Hildebrant ordenou, então, que trouxessem a imagem de Nossa Senhora para a coberta, a fim de agradecerem à Virgem o milagre que os tinha salvado de morte certa. Para surpresa e temor de todos, verificou-se que a imagem não se encontrava no navio.

Na manhã seguinte, os marinheiros meteram um barco à água e desembarcaram em Alportuche, na encosta sul da Arrábida, em busca do local onde, na trágica noite, luzira a luz salvadora, tendo encontrado a imagem que na véspera desaparecera do navio.



Chegados ao local, na encosta da Serra, encontraram a desaparecida imagem de Nossa Senhora. Em sinal de agradecimento por tão grande milagre, que salvara a vida a toda a tripulação, Hildebrant decidiu erguer no local uma ermida e uma casa que lhe servisse de habitação. E por lá ficou, para dedicar os seus dias a venerar Nossa Senhora.

Tomada a decisão de ficar na Serra, distribuiu parte dos seus bens pela tripulação do navio e pediu-lhes que viessem todos os anos em romaria à serra da Arrábida, visitar o local onde ficaria a viver.


Esta história extraordinária está na origem de uma sucessão de eventos que colocaram a Serra da Arrábida no mapa da religiosidade e levou, em 1538, à fundação de um Convento na Serra da Arrábida.

D. João de Lencastre, 1.º Duque de Aveiro, de visita a Espanha, conheceu um frade andaluz, Frei Martinho de Santa Maria, que procurava um lugar para iniciar uma vivência eremítica e dedicada exclusivamente a Nossa Senhora, em silêncio, recolhimento e despojamento. D. João convidou-o a vir para a Serra da Arrábida, cedendo-lhe o espaço onde hoje se ergue o Convento.

A partir da vinda de Frei Martinho de Santa Maria, outros eremitas chegaram: Diogo de Lisboa, Francisco Pedraita, São Pedro de Alcântara… 




Em 1605, chega à Arrábida Frei Agostinho da Cruz. A sua era muito frugal. Mergulhado na natureza, em meditação, numa luminosa esperança de desvendar os mistérios insondáveis da Serra, os seus visitantes eram as criaturas que ali coabitavam com ele, vindo comer-lhe à mão genetas e veados, que se deixavam tratar por ele, como se fossem seus semelhantes e irmãos.

Cumpria a regra contida nos Estatutos da ordem, vestindo-me de pano grosseiro, remendado até ao fio, descalço; dormia sobre uma esteira ou cortiça e jejuava a pão, água e algumas ervas cozidas; guardava silêncio, rezando e meditando sobre o grande mistério da criação do mundo e da graça de Deus.

SP

Textos e fotografias de José Alex Gandum e Salvador Peres

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João Vaz e Capella de S. Vicente 
em concerto em S. Sebastião

Teve lugar, no passado Sábado, dia 26 de Novembro, na Igreja de S. Sebastião, o encerramento do 1.º Ciclo de Órgão e Canto, com um concerto do organista João Vaz e do grupo coral Capella de S. Vicente, sob a direcção de Pedro Rodrigues.

Do programa constou Música Portuguesa Mariana e de Advento e Música Inglesa de Advento e Natal dos compositores António Carreira, Aires Fernandes, Pedro de Araújo, Manuel Rodrigues Coelho, Francisco Correa de Arauxo, D. Pedro de Cristo, John Stanley, Henry John Gauntlett, Boris Ord, João Vaz e Felix Mendelssohn-Bartholdy.




Assistiu-se a uma intervenção de grande qualidade instrumental e vocal da parte do organista João Vaz e do coro Capella de S. Vicente. A música sacra de advento e natal, aprimoradamente executada pelo músico e cantores, encantou e emocionou a audiência que enchia a lindíssima Igreja de S. Sebastião.

João Vaz é director artístico do Festival de Órgão da Madeira, do Festival Internacional de Órgão de Mafra e das séries de concertos que se realizam no órgão histórico da Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa

 A Capella de S. Vicente, criada em 2021, é uma ramificação da Capella Patriarchal, agrupamento destinado fundamentalmente à divulgação dos tesouros da música sacra portuguesa.

Pedro Rodrigues foi membro do Núcleo Coordenador dos Órgãos Históricos de Santarém. É membro do Coro Gulbenkian e do Coro Gregoriano de Lisboa. É director musical da Capella de S. Vicente.

 

Texto Salvador Peres. Fotografias de Isabel Melo


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Escrito nos Livros - Uma biografia. 

Richard Zenith

“A cidade de Durban, racialmente tripartida, com as suas imbricadas subdivisões por linhas sociais, económicas e religiosas, pode ter sido precisamente o espaço de gestação do espírito de tolerância que marcou o pensamento tanto de Pessoa como de Gandhi, sendo que ambos acreditavam que a verdade é tão variável como as pessoas que vivem pela verdade.”

Pessoa. Uma biografia, de Richard Zenith, Quetzal Editores, 2022

A escolha de Elisabete Caramelo

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Palavras que não mudaram o Mundo

Comissão liquidatária?

Nunca tive muita fé nos nossos governantes (antigos ou actuais), nem fui iluminado por nenhuma fé fulminante em relação aos que cá estão por agora. O facto é que são estes, em resultado das últimas eleições, que chegaram ao poder e gerem os magros recursos deste nosso país menos que remediado. Não lhes gabo a sorte, transformados que estão numa espécie de Comissão Liquidatária, num país sempre de mão estendida. Mas, gostando ou não deles, só me resta esperar que façam o seu melhor, com sentido de justiça, ética, sobriedade e respeito por aquilo que nos pertence a todos. E deixo à vossa reflexão o seguinte: em democracia, a responsabilidade pelo que corre mal pode ser dos políticos eleitos; mas não se esgota aí. Nós, que os elegemos e deixamos que os partidos políticos se apoderem do aparelho do Estado, não estamos isentos de culpas. É preciso que sejamos mais exigentes e livres e menos conformados e seguidistas.

Salvador Peres, Novembro 2022

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Na minha cidade há um Rio


Esta semana, uma fotografia de Francisco Borba a que demos o título de “Uma vela no Rio”. Os cambiantes de azul e branco com Tróia em fundo. E um veleiro sulcando suavemente a leveza impassível do Rio.

Fotografia de Francisco Borba. Texto de Salvador Peres

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O sYnapsis !


O Synapsis é um grupo informal que não tem sede, nem estatutos, nem quotas, nem corpos gerentes. As suas actividades são desenvolvidas sem recurso a subsídios, patrocínios ou qualquer outra espécie de apoio pecuniário.

O Synapsis assume-se como um movimento de gente livre e de espírito aberto, não identificado com correntes de opinião nem com organizações de carácter ideológico, religioso, político ou partidário.

O Synapsis encontra na expressão de vontades e talentos dos seus membros, um meio de intervir e interagir na esfera pública, procurando, dessa forma, dar o seu contributo para o desenvolvimento de uma sociedade que deseja seja norteada pela justiça, pelo pensamento e reflexão crítica, e pela partilha e acção construtiva. 

Fundado em 9 de Abril de 2010, o Synapsis conta actualmente com 29 membros.

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