50 anos de "Tourada" - A crítica social e política que a censura deixou passar

 

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50 anos de "Tourada"

A crítica social e política que a censura deixou passar

Crónica de José Alex Gandum

 

Anais de Setúbal - Uma cronologia ilustrada

Alberto Manuel de Sousa Pereira e José Manuel Madureira Lopes

 

Escrito nos Livros

Um estranho numa terra estranha - de Robert A. Heinlein

A escolha de João Coelho

 

Palavras que não mudaram o mundo

Energia e Consciência

Texto de Salvador Peres

 

A música que se ouve por cá

Francisco Tárrega e Stanley Myers

A escolha de Salvador Peres

 

Na minha cidade há um Rio

Flamingos no Estuário do Sado

José Alex Gandum


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Os 50 anos de "Tourada"

A crítica social e política que a censura deixou passar

No dia 26 de Fevereiro, assinalam-se 50 anos sobre o Festival RTP da Canção em que a canção vencedora foi 'Tourada', tema com música e interpretação de Fernando Tordo e letra de Ary dos Santos. A um ano do 25 de Abril de 1974, 'Tourada' foi uma forte chapelada no conservadorismo a que Portugal ainda estava sujeito, e foi com surpresa que se constatou que a censura deixou passar mais uma canção politicamente assertiva. Na altura, as manifestações políticas e sociais faziam-se muitas vezes através das canções e José Carlos Ary dos Santos era um dos expoentes máximos do descontentamento que se vivia à época. 



Já em 1969 a censura tinha deixado passar 'Desfolhada' (também com letra de Ary dos Santos), onde se dizia "quem faz um filho, fá-lo por gosto", algo considerado muito forte numa sociedade conservadora e antiquada. No ano seguinte, a censura também deixou passar "Canção de Madrugar" (ainda com letra de Ary dos Santos), onde se dizia "Então nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos, nem... pedras, nem facas, nem fomes, nem secas, nem..."

Mas o ano mais contundente em matéria de provocação política e social foi mesmo 1973. Além da vencedora 'Tourada', Fernando Tordo e Ary dos Santos também assinaram 'Apenas o meu Povo' (interpretado por Simone de Oliveira), onde se dizia "Quem foi que me fez serva sem servir, quem foi que fez escrava sem querer?"... "apenas a esperança que resiste, apenas o meu sangue, apenas o meu Povo".


Mas foi 'Tourada' que mais mexeu com as consciências, até por algum palavreado, tido como ofensivo e inadequado em televisão. Uma crítica política e social que prenunciava o fim de um regime em decadência. Onde se dizia: 

"Com bandarilhas de esperança

Afugentamos a fera

Estamos na praça da Primavera

Nós vamos pegar o mundo

Pelos cornos da desgraça

E fazermos da tristeza graça"

O próprio videoclip de promoção da canção era também algo fora do comum em Portugal: https://www.youtube.com/watch?v=Ucm4bY-q1Zg

Para assinalar os 50 anos de 'Tourada', Fernando Tordo dá um espectáculo no próximo Domingo, dia 26 de Fevereiro, pelas 21 horas, no Teatro Tivoli, em Lisboa. 

Crónica de José Alex Gandum


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Anais de Setúbal - Uma cronologia ilustrada

Alberto Manuel de Sousa Pereira e José Manuel Madureira Lopes lançam o livro "Anais de Setúbal - Uma cronologia ilustrada".

A cerimónia de lançamento terá lugar no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal, 4 de Março de 2023, pelas 16h00.


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Escrito nos Livros

Um estranho numa terra estranha - de Robert A. Heinlein


“- Bom dia — saudou. — Como se sente?

Smith revirou a pergunta na cabeça. Reconheceu a primeira frase como um som formal, que não exigia resposta mas podia ser repetido — ou podia não o ser. A segunda frase estava listada na sua mente com várias traduções possíveis. Se era o Doutor Nelson a usá-la queria dizer uma coisa; se era o Capitão van Tromp, era um som formal que não precisava de resposta. Sentiu aquela consternação que tantas vezes o dominava quando tentava comunicar com aquelas criaturas — uma sensação assustadora que lhe era desconhecida até encontrar os homens.

Mas forçou o corpo a permanecer calmo e arriscou uma resposta. — Sentir bom. “

Fui fã de ficção científica na minha adolescência, preferindo os livros da colecção argonauta aos policiais da colecção vampiro. Mas não me recordo de alguma vez ter lido “Um estranho numa terra estranha” de Robert A. Heinlein, que é descrito, provavelmente com exagero, como o “O mais famoso romance de ficção científica de sempre”. Li-o apenas recentemente.

No livro, Valentine Michael Smith, descendente de terrestres e criado por marcianos, é resgatado e trazido de regresso à Terra. Através do seu processo de aprendizagem e descoberta, dos códigos sociais e motivações humanas, e do seu poder e sabedoria marciana, somos levados a encarar os absurdos da natureza humana e também a questionar-nos sobre os valores básicos da nossa existência, como o amor, a arte, a religião ou o sentido da vida. Passaram muitos anos desde a sua primeira publicação, em 1961, tornou-se um livro de culto e merece seguramente, ainda hoje, ser lido.

 

A escolha de João Coelho


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Palavras que não mudaram o mundo

Energia e Consciência

Como diz Agostinho da Silva (mesmo que o não dissesse eu assinaria por baixo), somos basicamente energia. Um fenómeno energético que não passaria de mais um fenómeno entre uma infinidade de outros não fora a questão problemática da consciência. Aqui é que a porca torce mesmo o rabo: energia e consciência. Não fora isso e seríamos um fogacho brevíssimo no imenso caldo cósmico. Mas a consciência existe e traz com ela o significado e a memória.

O significado brota do ser e deste a noção de um passado e de um futuro vivido num presente que nunca nos dá descanso. Um presente que flui e nos dá a medida dramática desta aparente contradição entre o infinito de onde viemos e nos espera logo ali ao virar da esquina e o finito da nossa passagem pela vida, num tempo tão breve.

 

Salvador Peres


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A música que se ouve por cá

Francisco Tárrega e Stanley Myers


Hoje, dois grandes temas para guitarra clássica: Recuerdos de la Alhambra, de Francisco Tárrega, sublimemente interpretado pelo guitarrista espanhol Narciso Yepes e Cavatina, de Stanley Myers, imortalizado na versão instrumental de John Williams para o filme The Deer Hunter, de Michael Cimino.


Recuerdos de la Alhambra, de Francisco Tárrega

https://www.youtube.com/watch?v=EQGBbLBShzk&ab_channel=take5t0ky0jpn

Recuerdos de la Alhambra é uma peça de guitarra clássica composta pelo compositor e violonista espanhol Francisco Tárrega. O tema é tocado com recurso ao tremolo (repetição rápida de uma nota ou uma alternância rápida entre duas ou mais notas musicais), só acessível a guitarristas de técnica avançada.

Narciso Yepes nasceu em Lorca, Região de Múrcia, a 14 de Novembro de 1927. O pai ofereceu-lhe a primeira guitarra quando tinha quatro anos de idade. Aos 13 anos foi admitido para estudar no Conservatório de Valência com o pianista e compositor Vicente Asencio, onde seguiu os cursos de harmonia, desempenho, composição. A 16 de dezembro de 1947 fez a sua estreia em Madrid, com o Concerto de Aranjuez, de Joaquín Rodrigo, com o maestro Ataulfo ​​Argenta a conduzir a Orquestra Nacional de Espanha. O sucesso indiscutível do seu desempenho e da sua notável técnica trouxe-lhe grande notoriedade e um grande consenso da crítica e do público. 



Cavatina, de Stanley Myers

https://www.youtube.com/watch?v=X7SvBtJuh3Y&ab_channel=CARisMAGuitarDuo

Cavatina é uma peça para guitarra clássica de Stanley Myers, maestro e compositor inglês, escrita para o filme The Walking Stick, dirigido por Eric Till, em 1970, e popularizada como tema do filme The Deer Hunter, de Michael Cimino, cerca de oito anos depois. Após o lançamento de The Deer Hunter, em 1978, a versão instrumental de John Williams tornou-se um hit do Top 20 do Reino Unido, em 1979.

A escolha de Salvador Peres


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Na minha cidade há um Rio

Flamingos no Estuário do Sado


Fotografia de José Alex Gandum


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