Na Cadeira de S. Pedro de Alcântara

 

Esta semana, no Blogue Synapsis

 

Em Destaque

Na Cadeira de S. Pedro de Alcântara

Salvador Peres e José Alex Gandum

 

Lucian Freud, Novas perspectivas

Maria Helena Mattos

 

Escrito nos Livros

Jorge Luís Borges - Biblioteca Pessoal

Salvador Peres

 

Vamos ao cinema

Tár – quem tem o poder?

Elisabete Caramelo

 

Palavras que não mudaram o mundo

O bigode do candidato

Salvador Peres

 

Comer Bem

Restaurante Pérola do Tejo

José Alex Gandum

 

A música que se ouve por cá

Frédéric Chopin e Frank Sinatra

Salvador Peres

 

Na minha cidade há um Rio

Uma tarde solarenga de Março

Salvador Peres

«««««««««««««««««««««««««««««««



Na Cadeira de S. Pedro de Alcântara

A manhã primaveril convidava a partir em busca de lugares longe do bulício ruidoso da cidade. Quem vive em Setúbal, ou nas suas proximidades, goza da vantagem de ter, a pouca distância, num raio de poucos quilómetros, acesso a lugares idílicos. O amplo estuário do Sado e a altaneira e majestosa Serra da Arrábida, que quase cercam a cidade num longo abraço, oferecem aos caminhantes lugares de grande beleza e experiências únicas de contacto com a natureza.



O Synapsis vem caminhando, desde 2010, por esses espaços admiráveis, contando já por muitas centenas os caminhantes que leva consigo nessas aventuras.


Este Domingo, 2 de Abril, subimos pela encosta norte da Arrábida em direcção à Cadeira de S. Pedro de Alcântara. Reza a história ser este o lugar, situado na entrada da Mata do Vidal, onde o frade franciscano descansava, depois da longa caminhada e subida íngreme a que se obrigava para fazer o caminho até ao Convento.

Texto de Salvador Peres. Fotografias de José Alex Gandum


«««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««


Lucian Freud, Novas perspectivas

Madrid, Museu Thyssen-Bornemisza (parceria com a Tate Gallery)

Um dos pintores mais relevantes do século XX, nascido alemão em Berlim em 1922 e imigrado em Inglaterra, com a sua família, no início da sua adolescência, Lucian Freud era filho de pais ligados à cultura e à arte e neto de Sigmund Freud, o pai da psicanálise.

Não se integrando deliberadamente em nenhuma escola de pintura, apercebe-se, no entanto, nas suas obras o conhecimento e a influência de alguns grandes Mestres.



Fotos 1 e 2

Embora representando também objectos e até animais do seu cotidiano (fotos 1 e 2), Lucian Freud iria ter como foco da sua criatividade o ser humano, pintando predominantemente e sempre a partir do natural, retratos (inclusivamente auto-retratos) e corpos, muitas vezes nus.




Fotos 3, 4 e 5

Com uma execução inicial minuciosa e quase desenhada (fotos 3, 4 e 5), foi evoluindo para uma técnica mais livre e expressiva, com pinceladas mais grossa e espessas, através das quais acentuava os traços dos rostos bem como a anatomia dos corpos marcados pela passagem do tempo, em representações quase grotescas, muito distantes do belo nu clássico (fotos 6, 7 e 8).



Fotos 6, 7 e 8

Da leitura do humano, patente nos seus diversos trabalhos, emana uma intensidade emotiva que nos toca: os rostos parecem transmitir a tensão interior ou a ansiedade presentes nas suas vidas, captadas nas suas expressões mais íntimas (fotos 9 e 10); outras vezes irradiam uma sensação de força e de poder (fotos 11 e 12).



Fotos 9 e 10


Fotos 11 e 12

Mas a carne parece ser o elemento mais destacado no conjunto da pintura de Lucian Freud, que encarna, literalmente, a sua profunda intensidade: nos rostos, nos corpos em si mesmos ou quando, em momentos de intimidade, se comunicam não tanto numa tónica de erotismo, mas antes de carinhosa afectividade (fotos 13 e 14).

Uma exposição que é uma experiência desafiadora e perturbante, cumprindo por isso o objectivo do artista: Quando pinto a minha intenção é tentar desencadear sensações, através da intensificação da realidade.


Fotos 13 e 14

A exposição estará patente até 18 de Junho 2023

Texto e fotografias de Maria Helena Mattos

«««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««

Escrito nos Livros

Jorge Luís Borges - Biblioteca Pessoal



“Que outros se gabem dos livros que lhes foi dado escrever; eu gabo-me daqueles que me foi dado ler”, disse eu uma vez. Não sei se sou bom escritor; penso ser um excelente leitor ou, em todo o caso, um sensível e agradecido leitor.

 Jorge Luís Borges, Biblioteca Pessoal


“Jorge Luis Borges tornou-se o emblema do bom leitor, do verdadeiro amante e erudito da literatura. Borges imaginou o paraíso como uma biblioteca e foi bibliotecário por muitos anos, vivendo essa profissão como a de um guardião do tesouro das letras. Em 1985, foi-lhe pedida a criação de uma «biblioteca pessoal», que contaria com cem grandes obras. Borges morreu em 1986, antes que pudesse concluir esse projeto, mas deixou uma lista de livros que refletem as suas preocupações e gostos literários, bem como os prólogos dos primeiros sessenta e quatro títulos da série: «Desejo que esta biblioteca seja tão variada quanto a curiosidade que a mesma induziu em mim.» É esta escolha pessoalíssima de Borges que aqui se apresenta.”

 

“Jorge Luís Borges Acevedo nasceu em Buenos Aires, em 24 de agosto de 1899, e morreu em Genebra, em 14 de junho de 1986. Em 1923, publicou o seu primeiro livro, mas o reconhecimento internacional só chegou em 1961, com o Prémio Formentor, que partilhou com Beckett. A par da poesia, Borges escreveu ficção, crítica e ensaio. Foi professor de literatura e dirigiu a Biblioteca Nacional de Buenos Aires entre 1955 e 1973. A sua obra é como o labirinto de uma enorme biblioteca, uma construção fantástica e metafísica que cruza todos os saberes e os grandes temas universais.”

Ano de edição: 01-2023

Editor: Quetzal Editores

A escolha de Salvador Peres

«««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««

Vamos ao cinema

Tár – quem tem o poder?



Vivemos um tempo de poder diluído. Todos nos queixamos de que já não há líderes carismáticos, figuras inspiradoras que nos conduzam ao bem comum. Vivemos um tempo sem Ghandis e Mandelas, sem esperança de que o planeta que vamos deixar às gerações futuras possa sobreviver aos muitos atentados humanos que sofreu nas últimas décadas. O individualismo exacerbado do séc. XX e início do XXI, levou-nos a escancarar portas aos pequenos tiranos da economia e da política, mas também do pensamento único. Às vezes, o mundo dos telejornais faz-nos desejar viver numa bolha onde não cheguem notícias ou num outro mundo inventado onde seja possível escapar ao caos e ao fim da esperança.

Em plena pandemia, quando nos confrontámos com os limites do nosso poder humano e “omnipotente”, o realizador norte-americano, Todd Field, começou a escrever este filme que gosta de dizer que é sobre o poder. Em 2022, Tár saiu para as salas com a extraordinária interpretação da brilhante atriz australiana, Cate Blanchett, que para representar o papel da maestra Lydia Tár aprendeu direção de orquestra e piano.



Poderíamos falar do seu poder magnético ao representar a personagem, do equilíbrio de luz e sombra da realização, das personagens que se movem como num jogo de xadrez, da narrativa que se vai revelando a partir de uma teia e, sobretudo, da grande música em que assenta todo o filme. Poderíamos falar de ideologia e de autocracia, mas também de uma versão única da história, da pós-verdade e do domínio da desinformação. O filme levanta muitos véus e abre-se a muitas interpretações, daí a polémica que tem gerado em muitos setores da sociedade.

Para mim, Tár tem o grande mérito de nos interpelar sobre o tempo em que vivemos, sobre o fim do star system e dos líderes de referência, sobre as novas formas de poder ditadas pelo politicamente correto e pelo pensamento único. Que poder é este que estamos a entregar a quem não escolhemos para nos representar, a quem não se submete à vontade da maioria e a quem não podemos pedir contas? E, no fim de tudo, o filme cumpre a função mais poderosa da arte: levar cada um de nós à interrogação e ao questionamento.

 

A escolha de Elisabete Caramelo

«««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««

Palavras que não mudaram o mundo

O bigode do candidato


Eleutério apareceu num cartaz gigante numa das rotundas mais concorridas da cidade. Tal só foi possível porque Eleutério passou à frente do cabeça de lista do seu partido, que acabara de ser detido e estava em prisão preventiva por suspeita de corrupção. Eleutério aparecia numa fotografia em pose a três quartos, de perfil, com a face direita, a mais fotogénica, mais próxima da câmara fotográfica. O bigode desaparecera, decerto por indicação do assessor de imagem do partido, que sabia das dificuldades de levar um candidato a eleições exibindo aos eleitores uma farta bigodaça na parte superior do beiço. O cartaz tinha um fundo amarelo ovo e exibia, do lado direito, no enfiamento do nariz do candidato, logo abaixo do logotipo do partido, a frase “Comigo é sempre a abrir: vamos dar a volta a isto!”.

Salvador Peres

«««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««

Comer Bem

Restaurante Pérola do Tejo



Pérola do Tejo - Cais do Sodré, Lisboa

O Restaurante Pérola do Tejo situa-se no princípio da Rua do Arsenal, no Cais do Sodré, em Lisboa, para quem vai no sentido Cais do Sodré-Terreiro do Paço. Está aberto de Segunda a Sábado, e serve em especial almoços e petiscos. Todos os dias tem um prato do dia diferente (na foto, Açorda de Gambas) a 6,80 Euros. Depois, tem outros pratos à lista. Especialidades também em pastéis de nata, bolos caseiros à fatia e doces vários. 

Das ementas mais habituais, destaque para o Bacalhau à Braz, Choquinhos à Algarvia, Açorda de Gambas ou Arroz de Cabidela, entre outros.

Tem uma pequena esplanada e é muito frequentado por turistas que apreciam a comida portuguesa mais tradicional.

A escolha de José Alex Gandum


««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««

A música que se ouve por cá

Frédéric Chopin e Frank Sinatra



Frédéric Chopin, Nocturno em Mi bemol maior, Op. 9, No. 2

 

Chopin compôs o seu mais conhecido Nocturno em Mi bemol maior, aos vinte anos de idade. Este conhecido nocturno foi composto com uma estrutura semelhante a uma valsa. Abre com uma melodia legato, que consiste em ligar todas as notas de modo a que não haja nenhum silêncio entre elas, tocado em modo piano, contendo saltos ascendentes graciosos que se tornam cada vez mais largos à medida que a linha se desenrola. A melodia principal é ouvida três vezes no decurso da peça muisical. A cada repetição, ela é modificada por tons decorativos e trinados cada vez mais elaborados. O nocturno também inclui uma melodia subordinada, que é tocada com rubato, acelerando e desacelerando o andamento conforme a interpretação do solista.

https://www.youtube.com/watch?v=9E6b3swbnWg&ab_channel=andrearomano




“Makin' Whoopee" é uma canção jazz/blues popularizada pela primeira vez por Eddie Cantor no musical de 1928, Whoopee!. Gus Kahn escreveu a letra e Walter Donaldson compôs a música. O tema musical glosa o casamento:

 

Another bride, another June Another sunny honeymoon Another season, another reason For makin' whoopee / A lot of shoes, a lot of rice The groom is nervous, he answers twice It's really killin' that he's so willin' To make whoopee (…).

 

A letra começa com a celebração do casamento, aborda a lua-de-mel e a felicidade conjugal, passando  depois para bebés e responsabilidades associadas. A seguir, fala de divórcio, terminando com um alerta, principalmente dirigido aos homens, sobre a "armadilha" do casamento. 

 

A música tem vindo a ser interpretada por muitos cantores: Ella Fitzgerald, Ray Charles, Louis Armstrong. A versão escolhida é interpretada por Frank Sinatra.

 

“Makin' Whoopee" faz parte da banda sonora de um filme que revisito frequetemente Everyone Says I Love You, de Woody Allen, de 1996.

 

https://www.youtube.com/watch?v=RsMhSwMkJU0&ab_channel=FrankSinatra-Topic

 

A escolha de Salvador Peres


«««««««««««««««««««««««««««««««««««««««

Na minha cidade há um Rio

Uma tarde solarenga de Março




««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««





Siga-nos através de:

https://synapsis-synapsis.blogspot.com/

https://www.facebook.com/synapsis.setubal

 

Para contactos: email synapsis11@gmail.com

 







Comentários

Mensagens populares deste blogue

Arrábida olhos nos olhos

Uma aguarela na Praça de Bocage - Fixando a transitoriedade do tempo

Na alva bruma da Herdade de Gâmbia