Arrábida sob ataque
ARRÁBIDA SOB ATAQUE
De acordo com notícias vindas a
lume na comunicação social, a cimenteira Secil “quer ampliar as suas
pedreiras no Parque Natural da Arrábida, onde a expansão desta indústria extrativa
é interditada por lei. Na prática, a Secil quer juntar duas das pedreiras já
existentes, aumentando a área de exploração em 18,5 hectares, o que equivale a
esburacar o equivalente a mais 18 campos de futebol numa área também em zona
especial de conservação da Rede Natura 2000, protegida por diretivas
comunitárias”.
A Serra da Arrábida é, para aqueles que têm uma visão descartável da vida, uma questão politiqueira, uma querela de ocasião que aparece e desaparece ao sabor do calendário eleitoral. Para outros, que têm da vida uma visão mercantilista, uma oportunidade de negócio. Mas, para nós, setubalenses, é uma questão vital. Uma questão decisiva que mexe com o nosso futuro.
A Arrábida
que é, a par do Estuário do Sado, o maior activo desta região e a derradeira
oportunidade de transformar uma cidade castigada e deprimida pelos erros da
industrialização numa janela de esperança para o futuro, está a ser tratada
como se um terreno baldio se tratasse, um local sórdido que se vota ao abandono
e onde são permitidas todas as atrocidades.
Devastada pela lógica implacável do desenvolvimento, que lhe tem devorado as entranhas, a Serra acolhe no seu seio o veneno que a sociedade produziu e não sabe como eliminar. A Serra-Mãe, último vestígio de uma floresta pré-glaciar, exemplar único de vegetação mediterrânea, considerada por muitos como um santuário natural, é sede da queima de resíduos industriais perigosos. E está, perante os nossos olhos incrédulos, em vias de ser alvo de um novo crime ambiental.
Sebastião da Gama encontrou na Arrábida o lugar de eleição para a
descoberta do sentido da vida. A Serra está ali, há milénios, oferecendo-nos um
espaço onde é possível pensar e ouvir a voz que nos vem de dentro e se acredita
esteja ligada a algo que nos transcende. Um encontro com Deus, como entendeu
Sebastião da Gama ou a ligação a um espírito superior que governa este mar
infinito. Um lugar de renovação e de reconciliação com a natureza.
Sebastião da Gama foi o primeiro a pressentir as ameaças que pairavam sobre a Serra, a mostrar-nos, em poemas admiráveis, a dimensão espiritual da Serra e a indicar-nos o único caminho para a preservar: amá-la. Amar a sua natureza única. Preservá-la das tentações acéfalas do desenvolvimento.
Salvador Peres
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VIAJAR
Vila Velha de Rodão - Imagens de rara beleza
Nas
miniférias, estive por Vila Velha de Rodão, local junto ao Tejo que nos
proporcionou umas excelentes fotos.
Localizado em
Vila Velha de Rodão, o Geopark Naturtejo, é possuidor de um dos mais belos
monumentos naturais de Portugal, as Portas de Rodão.
Mas para
melhor contemplar toda a envolvência, nada como recorrer a dois locais: navegar
o rio e subir ao maciço do lado a norte, onde, no cimo, o Castelo do
Rei Wamba nos oferece uma bonita paisagem do vale, onde o rio Tejo serpenteia
entre montes.
Saindo do
cais, o passeio é feito através do estreito formado pelos dois maciços e
percorre diversos ilhéus que ali se formam.
O dia, tranquilo e com um sol radioso, apresentava uma luz bem favorável para os amantes da fotografia. Com alguma sorte, poderemos observar milhafres, grifos e gaviões.
Alberto Pereira
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PALAVRAS QUE NÃO MUDARAM O MUNDO
Numa reunião de intelectuais
Fui a uma reunião de intelectuais. A sala estava cheia de gente
gravemente inteligente e sumamente abstracta. Dos homens de espírito tudo se espera
e tudo se perdoa. Tanto podem doar ao mundo as verdades mais resplandecentes,
como as ideias mais imbecis e abstrusas. Umas vezes, trajam as vestes mais sublimes,
outras, os trapos mais esfarrapados. Nesta reunião particular singrava o mais
completo despojamento de ideias e vestimentas: nem o mais simples pensamento
bulia e o nu andava na moda.
Salvador Peres
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A MÚSICA QUE SE OUVE POR CÁ
Patrícia Janecková e Beatles
Patricia Janečková
W. A. Mozart - Laudate Dominum, KV 339
https://www.youtube.com/watch?v=ljvTwbxrylc&ab_channel=LVHF
Patrícia Janečková, filha de pais
eslovacos, nasceu em Münchberg, Alemanha, em 1998. Pouco depois, a sua família
mudou-se para Ostrava, na República Checa . Patrícia canta desde os quatro anos de
idade. Depois de se formar na escola primária, ela começou a estudar
na Janáček Academy of
Music and Performing Arts .
The
Beatles – Penny Lane
"Penny Lane" é uma canção da
banda The Beatles, escrita por Paul McCartney, mas creditada como em co-autoria com
John Lennon. A canção foi gravada nas sessões do álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band,
mas lançada como single no Lado B com Strawberry Fields Forever, em fevereiro de 1967.
https://www.youtube.com/watch?v=S-rB0pHI9fU&ab_channel=TheBeatlesVEVO
"Penny Lane" é uma canção que se refere a
uma rua em Liverpool (assim como o bairro onde se encontra). A letra fala sobre
as coisas e as pessoas do lugar que foi bastante marcante na vida dos Beatles,
principalmente de Paul
McCartney e John
Lennon. Hoje, na Penny Lane, muitos
fãs deixam mensagens ao extinto grupo. A prefeitura da cidade recoloca a placa
com o nome da rua frequentemente devido ao fato de que muitos fãs a tirarem e a
levam para casa de recordação.
Salvador Peres
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ESCRITO NOS LIVROS
A Ponte de San Luis Rey – Thornton Wilder
A história começa com uma tragédia. Ao meio-dia do fatídico dia 20 de Julho
de 1714, cinco personagens atravessavam a Ponte de São Luís Rey quando esta
desabou precipitando-os para a morte. Terá sido o destino ou a mão de Deus que
os juntou naquela data fatal, naquele sítio e àquela hora? Ou terão sido eles,
de alguma forma, responsáveis pelo que lhes aconteceu?
Haveria um desígnio superior para os seus destinos? O padrão das suas vidas de alguma forma precipitou esse fim medonho? Algum deles merecia estar naquela ponte quando ela desabou?
Considerado uma obra-prima da literatura, o livro incita o leitor à reflexão, levantando questões éticas complexas, mas não dando respostas, deixando que ele decida sobre a melhor resposta às questões que são colocadas.
Salvador Peres
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ACONTECEU
De Rerum Natura
12 de Maio. MAEDS, uma instituição dinâmica
promotora de criatividade e de cultura que não só museológica, mas
diversificada, partilhada e interventiva.
Foi neste ambiente que António Marrachinho
Soares, ou o amante da literatura, poeta, comunicador, nos levou por uma viagem
filosófico-poética, não sobre as coisas da natureza como pode parecer numa
tradução precipitada (e incorrecta) do título, mas sim sobre a natureza
das coisas. Embora, em boa verdade, todas as "coisas" se insiram na
"natureza", lato sensu.
Recuperando a perspectiva e o título de Lucrécio
(Pompeia/Roma, séc. I a.C.), na sua obra De Rerum Natura, Marrachinho
Soares desafiou-nos a ler "as coisas" e a perceber de que é feita a
sua natureza profunda, não perceptível ao olhar comum, mas perceptível e
descortinável pelo olhar do afecto e exprimível pela Poesia, pela Arte...
Como dizia a Raposa do Principezinho, de Saint-Exupéry, "o essencial
é invisível para os olhos, só se vê bem com o coração".
E assim, pudemos olhar de forma integrada,
representações da geologia, da flora, da fauna, da biodiversidade, do homem e
das suas (nossas) vivências neste universo, tempo/espaço, ora conhecido ora
desconhecido, ora (re)descoberto, "lidos" por Sophia, Torga ou Pessoa,
mas também por outros poetas de muita da nossa tradição lírica... Ou,
incontornavelmente, no também mencionado Cântico das Criaturas, de
Francisco de Assis, na exaltação do Amor da criação e do cuidado da nossa Casa
Comum, implícita em todo o discurso da sessão, nomeadamente nos poemas
partilhados.
E, finalmente, foram muitas as pistas para
reflexão, muitas as sugestões de boas leituras.
Um serão inesquecível!
M Helena Fragoso de Mattos
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