Frei Agostinho da Cruz - Espiritualidade e Poesia na luz da Arrábida
Frei Agostinho da
Cruz
Espiritualidade
e Poesia na luz da Arrábida
Agostinho
Pimenta, nome de baptismo de Frei Agostinho da Cruz, nasceu em Ponte da
Barca, no Alto Minho, a 3 de
Maio de 1540. Permaneceu durante
mais de quarenta anos, como frade ingresso, no Convento de Santa Cruz, em Sintra, onde fez o seu noviciado e professou. Mais tarde, passou
pelo Convento de São José de Ribamar, em Algés. Em 1605, pôde, finalmente, rumar para a sua
amada Serra da Arrábida, onde viveu como eremita, em completa reclusão, numa
cela mandada construir pelo Duque de Aveiro, seu amigo e protector. Na sua
bendita Serra levou uma vida de despojamento e pobreza, rezando, meditando, escrevendo,
numa comunhão total com a beleza celestial da Arrábida e em entrega total a
Cristo.
Ao decidir-se pela vida
monástica, Frei
Agostinho da Cruz esqueceu as vivências
mundanas, as suas alegrias e relações. Abandonou os salões, o meio social,
frívolo e cortesão, onde se movia, trocando tudo isso pelo isolamento de uma
congregação marcada pela pobreza, pelo isolamento e pelo rigor. Esqueceu os
desvarios da mocidade mal aproveitada, as amizades enganadoras da mocidade, que
serviam apenas para entreter o tempo. Um tempo que queria ocupar para me
aproximar de Deus.
A sua obra poética está cheia
de menções à Serra da Arrábida, em muitos sonetos, elegias e éclogas. Na Serra,
lugar tão fora do mundo e tão próximo de Deus, Frei Agostinho anteviu o paraíso
e os versos brotavam-lhe naturalmente, como água cristalina de nascente. A sua
vida na Arrábida era muito frugal. Mergulhado na natureza, em meditação, numa
luminosa esperança de desvendar os mistérios insondáveis da Serra, os seus
visitantes eram as criaturas que ali coabitavam com ele, vindo comer-lhe à mão
genetas e veados, que se deixavam tratar por ele, como se fossem seus
semelhantes e irmãos.
Cumpria a regra contida nos Estatutos da
ordem, vestindo-se de pano grosseiro, remendado até ao fio, descalço; dormia
sobre uma esteira ou cortiça e jejuava a pão, água e algumas ervas cozidas;
guardava silêncio, rezando e meditando sobre o grande mistério da criação do
mundo e da graça de Deus.
Na sua rotina diária, percorria os
caminhos tortuosos da Serra com a alegria de uma criança que acabava de
descobrir a beleza do mundo. E não precisava de grande esforço para se unir em
sintonia com a natureza, tal não era a magnificência esplendorosa da Arrábida.
Aos 79 anos de idade, Frei Agostinho
da Cruz adoeceu gravemente e foi conduzido para Setúbal, para o hospital da
Ordem, onde viria a falecer a 14 de Março de 1619. O corpo de Frei Agostinho
ficou sepultado junto à Igreja da Arrábida, fora das grades, ao lado da
Sacristia. Durante muitos anos, foi lugar piedoso e de peregrinação, onde
acorriam gentes desejosas de lhe prestarem homenagem, mercê da fama de grande
virtude e santidade.
Ver filme: A Serra de Agostinho, de
Alberto Pereira
Este filme,
realizado em registo de docuficção, foi produzido no âmbito das comemorações do
IV centenário da morte de Frei Agostinho da Cruz.
Texto e Música
original de Salvador Peres
Locução de
Dina Barco e João Completo
Nuno David,
como Frei Agostinho da Cruz
Produção sYnapsis
!
Realização: Alberto
Pereira
Serra da
Arrábida, Setúbal, 2020
Salvador Peres
Chegou o mês
de Maio
Eis que chegou
o mês de Maio
e celebra-se
quem trabalha
logo no
primeiro dia do mês
a vida
continua a dar e baralha
as cartas e o
destino talvez
mas o mês de
Maio é Primavera
cheira a
madressilva e a rosas
o chuvoso mês
de Abril já era
venha a época
das mariposas
voando suave
como num ensaio
fazendo jus a
este mês de Maio.
Maio pode ser
verde ou maduro
eu gosto dele
em tons suaves
pois é Maio
que me dá as chaves
que abrem as
pétalas das flores
mês por
excelência de amores
é Maio que me
segreda ao ouvido
os mágicos
cantos do rouxinol
e é por
caminhos com sentido
que o mês de
Maio me leva ao Sol!
José Alex
Gandum
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Escrito no livros
“Assim começa o mal” de Javier Marías
“Aquela história não aconteceu
há muito tempo – menos do que costuma durar uma vida, e uma vida é tão pouco
depois de terminada, quando já pode ser contada nalgumas frases e deixa apenas
na memória as cinzas que se soltam ao menor solavanco e esvoaçam com a mais
leve brisa – e, no entanto, hoje seria impossível”
Javier Marías, autor de uma obra
extensa (romances, livros de contos e ensaios) nasceu em Madrid em 1951 e
morreu em setembro de 2022. Galardoado com diversos prémios, e presença
constante na lista dos nobelizáveis, era um dos mais destacados escritores
espanhóis da actualidade. Neste livro, cujo início se reproduz, acompanhamos as
confissões e reflexões de um jovem, agora já em idade madura, sobre uma época (fulgurantes
anos oitenta) e sobre a relação pouco luminosa de um casal (Muriel e Beatriz).
Mas a história centra-se, na realidade, muito no narrador, personagem activa e
central na relação do casal, e nos tempos vividos em Espanha durante o
franquismo, nos comportamentos e aproveitamentos vis ocorridos, e seus efeitos
posteriores na sociedade. Não se querendo abrir a caixa de Pandora, de
vinganças e punições descontroladas, optou-se muito racionalmente pela
pacificação, através do esquecimento activo, sendo que, esse objectivo quase
nobre, também sofreu perversões, permitindo impudentes branqueamentos. É
inevitável ver algumas analogias, já que recentemente comemoramos o 25 de
abril, com o que sucedeu em Portugal.
Há sexo, desejo mas há sobretudo
rancor neste livro. E mostra que o perdão, aparentemente possível para uma
sociedade, é menos possível quando nos toca individualmente. A relação do
casal, “feliz” durante muitos anos, ruiu completamente com a revelação de uma
mentira, de uma manipulação ocorrida no passado. E faz-nos meditar sobre o
efeito do que se revela, o seu peso, e a opção de contar ou não contar.
Pareceu-me que as personagens femininas centrais (mãe e filha) são menos bem
tratadas neste livro, revelam-se menos em termos de complexidade de pensamento
e motivações, e assumem menos importância que as masculinas. Há uma parte no
meio do livro que não me seduziu, lento na evolução e divagante mas o final é
encantatório e prende-nos com algumas surpresas. Vale a pena ler!
A escolha de João Coelho
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A Música que se ouve por cá
VIDE
COR MEUM
Compositor:
Patrick Cassidy
Vide
Cor Meum é uma área composta pelo compositor irlandês Patrick Cassidy,
baseada na obra Vita Nova, de Dante Alighieri, e que faz parte da banda
sonora do filme Hannibal.
É
uma área do género medieval de amor cortês, num estilo prosimetrum, uma
combinação de prosa e verso.
LIKE
SOMEONEIN LOVE
Diana Krall
CD:
Turn Up The Quiet
Música:
Like someone in love
Diana
Krall nasceu na Columbia numa família musical. Começou a tocar piano aos quatro
anos. A sua técnica chamou a atenção do baixista Ray Brawn que a apresentou a
diversos professores e produtores.
A sua carreira tem sido promissora, gravando
vários álbuns e realizando muitos concertos.
A
canção que lhes apresento intitula-se Like someone in love.
A
escolha de Alexandre Murtinheira
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Palavras que não mudaram o mundo
Citações
As citações
nada mais são que citações: não acrescentam um átomo que seja ao conhecimento.
O que foi dito, dito está. Mais que citar, é preciso fazer, meter as mãos na
massa. Porque a humanidade não avança sentada em frases vistosas, mesmo quando
debitadas por grandes sumidades.
Salvador
Peres
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Comer Bem
Adega da Casa Monte Pedral - Cuba - Alentejo
“Em pleno centro de Cuba, a Adega da Casa Monte Pedral é um espaço surpreendente pela singularidade das instalações, do ambiente e da comida. Atravessando o pátio, onde se ergue uma estátua de Cristóvão Colombo, evocativa da possível origem cubense do grande navegador – segundo a lenda, já que a história não o confirma, nem desmente –, encontra-se uma sala com chão de granito, grandes talhas de barro alinhadas ao longo de uma das paredes, espelho envelhecido num dos topos, balcão de cerveja e presuntos suspensos do tecto no outro, adega com o seu fuso, alambique, mobiliário antigo, um sobreiro de razoável porte e, no meio de tudo isto, grandes mesas e cadeirões de cabedal, convidando a permanecer.
Fonte: Site Visit Portugal
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MAEDS promove conferência
Quintas antigas e hortas setubalenses.
No dia 6 de
maio, pelas 16h00, ocorre no Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de
Setúbal a conferência “Antigas quintas e hortas setubalenses: passado, presente
e futuro”, será abordado o processo de mudança da morfologia do espaço motivado
pela crescente expansão urbana, o legado destas propriedades na atualidade e as
perspetivas futuras para esse património remanescente.
O evento tem
como orador Pedro Fernandes, investigador integrado do Polo de História,
Territórios e Comunidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa.
A entrada é
livre.
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Ciclo de Conferências “Ler Sebastião da Gama”
Recomeça, no próximo dia 5 de Maio, o ciclo
de conferências “Ler Sebastião da Gama".
Este ano, o Cliclo inicia-se no Forte de Albarquel,
com a visita de Alberto Manguel.
Gostávamos de ter casa cheia para receber este
bibliófilo e literato que veio de longe para se instalar em Portugal e que nos
falará da sua leitura do nosso poeta azeitonense.
Além da Câmara Municipal de Setúbal e da Junta de
Freguesia de Azeitão, a livraria CULSETE será nossa parceira neste Ciclo,
marcando a sua presença em todas as conferências para responder a todos os que
desejarem adquirir livros de Sebastião da Gama ou dos conferencistas
convidados.
Associação Cultural Sebastião da Gama
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Na minha cidade há um Rio
Sentinela do Sado
Salvador Peres
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