A Invenção da Melodia

 


A abordagem melódica, na música do e-Vox, propicia uma interessante reflexão sobre a ligação entre a poesia e a música. A quase totalidade das composições musicais do seu reportório são feitas a partir da leitura dos poemas. Primeiro, a palavra; depois, a música. Mas como se acha a melodia dentro das palavras? George Steiner (1929-2020), um dos maiores pensadores do nosso tempo, dizia acerca da invenção da melodia “É o mistério supremo de todo o conhecimento humano”.



De onde vem? Como se forma a melodia na cabeça do compositor? Que mecanismo a faz eclodir? No acto de compor a partir da poesia de Frei Agostinho da Cruz, Bocage ou Sebastião da Gama, só para falar de poetas abordados nos mais recentes concertos do e-Vox, estará certamente a resposta. Assim como, estará a resposta no acto de compor inumeráveis canções desde que o homem se afoitou, desde a noite dos tempos, a compor música a partir das palavras. O produto musical surge do silêncio, do nada, do inominável, do mistério impenetrável do espírito humano.



Seguir a evolução melódica feita sobre o soneto Amor que tudo quer nada consente, de Frei Agostinho da Cruz, sobre o soneto Receios de Mudança no Objecto Amado, de Bocage, ou do poema Nupcial, de Sebastião da Gama é partilhar desse mistério, aflorá-lo, mas sem esperança de alguma vez o entender.



Do poema e da melodia que dele nasceu resulta algo transcendente, que ninguém sabe de onde surgiu, nem porquê. No acto paradoxal de criar música, na perplexidade de ver nascer algo do nada, sente-se que da amálgama inescrutável do desconhecido algo de maravilhoso se tornou real.

 

Texto de Salvador Peres

Fotografias de José Alex Gandum



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Palavras que não mudaram o mundo

Um teatrinho de aldeia


Aqui, à beira-Sado plantados, somos um teatrinho de aldeia. Tudo é minúsculo e acanhado por cá. Tirando o presente de largos horizontes que a natureza nos deu, o azul sadino e o verde arrábido, nada há de assinalável neste enclave debruçado sobre o rio. Somos choco frito e caldeirada de raia e pata-roxa. Já não somos fartas laranjeiras, já fomos. E o moscatel é de Azeitão, não é de cá. O queijo é da Quinta do Anjo e o pão é da Lagoinha e do Faralhão.

O que é nosso e muito nosso, são as fabriquetas à beira-mar semeadas, bem aprumadinhas junto ao rio, fumarentas e fétidas, generosamente empurradas para aqui pelos bons samaritanos da capital. E nós contentes, ébrios de felicidade, como se tivéssemos ganhado a montra do Preço Certo.

Bem hajam!

Salvador Peres


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Escrito nos Livros

Martin Amis – A Zona de Interesse


Martin Amis, recentemente falecido a 19 de Maio de 2023, escreveu um dos mais polémicos romances das últimas décadas. O que acontece quando descobrimos quem verdadeiramente somos? E como é que lidamos com essa revelação?


Intrépido e original, “A Zona de Interesse” é uma violenta e obscura história de amor que se desenrola num cenário do mais puro mal - o campo de extermínio de Auschwitz -, bem como uma viagem às profundezas e contradições da alma humana.

A escolha de Salvador Peres


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Fado de Coimbra em S. Sebastião


Canção de Coimbra na comemoração dos 470-475 anos

da Paróquia de São Sebastião, em Setúbal

 No passado Sábado, dia 1 de Julho, a Comissão do Jubileu dos 470 anos da Paróquia de S. Sebastião e os Amigos da Paróquia, com o apoio do Synapsis, de Arrábida Legend e da Freguesia de S. Sebastião, realizou um Encontro da Canção de Coimbra, com a participação do Grupo Raízes de Coimbra e do Grupo Coimbra no Sado, que decorreu na Igreja de São Sebastião, em Setúbal.


Vídeos:


 

Centenas de pessoas testemunharam aquele que foi um dos momentos mais altos e mágicos da comemoração dos 470 anos da Paróquia de S. Sebastião. O Encontro foi apresentado pela synapsiana Isabel Melo.



 Texto e fotos de José Alex Gandum


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Na minha cidade há um Rio

Mourisca



Salvador Peres

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