Os Caminhos da Água

 


Em 1487, D. João II ordena que “o dinheiro e imposições que para os estaus haviam colectado”, fossem utilizados na construção e instalação de canos para a condução de água proveniente das nascentes de Alferrara. É neste ano que se inicia a construção do Aqueduto dos Arcos, em Setúbal, e é inaugurado, igualmente, o primeiro Chafariz primitivamente existente nas imediações da Praça do Sapal (actual Praça de Bocage), no sítio designado “Buraco de Água”. O Chafariz foi transferido em 1937 para a Praça Teófilo Braga, onde se encontra actualmente. Em 1500 terminam as obras de construção do Aqueduto dos Arcos.




Esta introdução, que respigamos do texto escrito em 1998, intitulado “Como a água que corre”, da autoria de Carlos Mouro e Horácio Pena, foi o ponto de partida para um projecto que envolveu o aguarelista Nuno David.



A história conta-se desta maneira. Certo dia, Nuno David cruza-se com os autores do texto, que lhe falam do projecto em que estão envolvidos, um trabalho realizado para o aprofundamento da história do abastecimento de água em Setúbal. Nuno David dá-lhes a conhecer o trabalho de aguarela que está a desenvolver relacionado com a água, um levantamento de fontes, chafarizes e bicas do concelho de Setúbal. Os autores do texto e da pintura identificaram uma excelente oportunidade de trabalharem em conjunto para a publicação de uma obra de referência que ligaria aspectos técnicos, históricos e artísticos de um património muito valioso do concelho de Setúbal. Os autores da história do abastecimento de água a Setúbal, Carlos Mouro e Horácio Pena, concluíram o trabalho meritório ligado à história do abastecimento da água.




Nuno David levou até ao fim o seu projecto, pintando dezenas de aguarelas, num levantamento exaustivo das fontes, chafarizes e bicas do concelho. Mas, desafortunadamente, o projecto de publicação de um trabalho conjunto não reuniu condições para avançar. Ficaram as aguarelas pintadas por Nuno David. E é delas que damos conta.






As fontes que davam de beber a quem tinha sede

As fontes matavam a sede aos passantes sequiosos, garantiam a água das populações vizinhas e eram lugar de encontros, que convidavam a amena cavaqueira, de namoricos e de paixões, alguns que deram em casamentos. Eram lugares de frescura e purificação. Locais de inspiração, de ligação à terra, caminhos de água, nascentes de vida. Eram bocas de fontanários por onde jorravam águas infindas; chafarizes de água cristalina que saciaram a sede de gerações; bicas, em recantos remansosos, que surpreendiam e acolhiam os caminhantes. Foi todo este mundo, que se vai perdendo no encolher de ombros dos homens e na voragem do tempo, que Nuno David decidiu fixar na sua magnífica técnica de aguarela. 



Em imagens vivas, de absorta quietação, de pura poesia pictórica, Nuno David pintou as bicas, fontes e chafarizes que ainda subsistem pelo concelho de Setúbal, com destaque para as existentes em Setúbal e Azeitão. O seu talento pictórico fixou em imagens refrescantes as fontes da Aldeia da Portela, do Poço da Aldeia de Irmãos, do Poço da Aldeia da Piedade, das Fontaínhas, de Vendas, de Pinheiros, de Vila Fresca, de Vila Nogueira, de Aldeia de Irmãos, de Oleiros, de Algeruz, do Sapal, de Palhais, do Largo José Afonso, da Fonte Nova, da Charroca, de Brancanes, da Mina de Água que trazia a água até ao Aqueduto dos Arcos.







Esta caminhada aguarelística pelas fontes do concelho configura uma tarefa audaz, surpreendente, oportuna e necessária, uma obra à dimensão do grande artista Nuno David.

Salvador Peres


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AS PERGUNTAS QUE SEMPRE QUIS FAZER 

MAS NUNCA FIZ PORQUE NÃO CALHOU



Texto de Salvador Peres - Desenho de Alberto Pereira


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Palavras que não mudaram o mundo

Uma inteligência superior


Filipe Espada, considerado um dos melhores comentadores televisivos da actualidade, defendeu que António Jacinto, um político da maioria, era dono de uma rara inteligência superior, mas não explicou porquê. Por acaso, conheço bem António Jacinto, com quem privei nas andanças da vida. E aqui estou para prestar um serviço público, explicando a razão porque António Jacinto é uma inteligência superior. Aqui vai.

Quando aperta o calor, António Jacinto procura a sombra; mas quando corre uma brisa fresca e um frémito de frio lhe tolhe os ossos, recolhe-se a zonas onde bate o sol. Se chove, António Jacinto lança mão de um guarda-chuva, ou, na falta dele, corre para um abrigo, debaixo de uma varanda ou num vão de escada; quando deixa de chover, fecha o guarda-chuva ou prescinde do abrigo onde se acolheu. Quando tem fome, António Jacinto procura algo para comer; uma vez saciado, dispensa de imediato a comida. Quando lhe chega o sono, António Jacinto procura lugar para dormir; mal desperta, deixa de ter sono e não pensa mais no assunto. Quando chamado a tomar posição sobre um assunto, António Jacinto asperge o interlocutor com um duche de vocábulos; acaso o opositor use do mesmo sistema, ensaboa-se, limpa-se numa toalha de ética e determina o assunto encerrado.

Eis António Jacinto, uma inteligência superior, mas não rara: o que não falta são raridades destas por aí.

 

Salvador Peres

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“Caldeira-Tróia” seleccionado 

para o Festival Internacional de Cinema de Tocha


O filme “Caldeira-Tróia”, de Alberto Pereira, foi seleccionado para o festival MARMOSTRA – Festival Internacional de Cinema de Tocha, Cantanhede. O Ambiente, o Mar e as Tradições são os temas deste acontecimento.

O filme “Caldeira-Tróia” é uma curta-metragem em registo de documentário, seleccionado para a categoria de ambiente.



O festival decorrerá entre os dias 21 e 23 de Julho de 2023.

O instrumental "Sado Sentido", autoria de Alberto Pereira, faz parte da banda sonora do filme.


SP


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A música que se ouve por cá

Gregory Porter


Gregory Porter Performs Its Probably Me  at the Polar Music Prize Ceremony

Gregory Porter é um cantor, compositor e actor norte-americano. Considerado um dos principais artistas contemporâneos de Jazz, Porter venceu duas vezes o Prémio Grammy de Melhor Álbum de Jazz pelo desempenho nos álbuns “Liquid Spirit” e “Take Me To The Alley”, em 2014 e 2017.

Gregory Porter canta esta música de Sting interpretando-a brilhantemente com a sua voz quente e melodiosa.

https://youtu.be/lSzICmwmRsA

Roo Panes


Álbum: Quiet Man

Música: Sketches Of Summer

Andrew “Roo” Panes nasceu no Reino Unido, a 8 de junho de 1988. É um cantor de folk que escreve compõe as suas músicas, para além de ser modelo.

O seu terceiro álbum, “Quiet Man”, foi editado em 2018, numa edição deluxe.

Sketches Of Summer é uma melodia doce, introspectiva e dotada de grande beleza vocal e musical.

https://youtu.be/c59IfQVbulc

A escolha de Alexandre Murtinheira

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Na minha cidade há um Rio



Forte de Albarquel - tinta da china, aguada e carvão


Alberto Pereira

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