Pelos areais de Tróia - da névoa ao Sol

 


Pelos areais de Tróia - da névoa ao Sol

A manhã nasceu enevoada, a Serra estava escondida dos olhos e o horizonte era cinzento. Mas adivinhava-se o sentido: de Setúbal a Tróia levados pelo catamarã verde que sulcou as tranquilas águas do Sado, embalando os aventureiros num Domingo de madrugada. Os golfinhos talvez ainda estivessem a espreguiçar por ser Domingo, não se deu por eles, apenas umas gaivotas e uns corvos marinhos de asas abertas à névoa, com certeza desejosos de Sol para secarem as penas. 




De pé firme na margem sul do Rio, foi tempo de café para despertar sentidos. Em breve, os pés na areia e a Serra no horizonte jogando às escondidas com a neblina. Foi tempo de caminhar, de conversar, de contar histórias e ouvir contar... histórias! O passar dos minutos dourava a areia que passou a jogar com os raios de Sol que a rasgos furavam a névoa, acabando por vencer inundando de luz a caminhada e a disposição dos caminhantes. 







Texto e fotografias de José Alex Gandum

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Livros

1973 - Uma cronologia do ano zero

 

Faltam poucos meses para os 50 anos sobre o 25 de Abril de 1974 e há factos ainda por desvendar ou divulgar. Até hoje nunca se tinha dado destaque ao chamado Ano Zero do 25 de Abril, isto é, o ano imediatamente anterior ao ano da Revolução, 1973. Porque o 25 de Abril de 1974 não aconteceu por acaso, teve várias causas: '1973' é um livro agora editado que retrata, mês a mês, o fundamental ano de 1973, abordando os factos, as figuras e os figurantes do último ano do Estado Novo. O livro é "uma compilação dos momentos mais paradigmáticos de um país em ebulição, pautados pelos acontecimentos internacionais que marcavam a actualidade. Da política à cultura, passando pela sociedade e pelo desporto, '1973' faz um retrato social e cultural do país, com um olhar que se alarga ao mundo, nos últimos meses de uma ditadura com os dias contados".


O autor - Tiago Beato - é um "jovem", nascido depois do 25 de Abril de 1974, mas pela abordagem de cada tema parece que viveu intensamente cada momento que descreve. Com um pormenor raro neste tipo de compilações: faz constantes menções ao desenvolvimento das situações mesmo antes de 1973 até 2023. Uma obra a ler por quem viveu e se lembra do ano de 1973 e por todos os que têm interesse em perceber a razão do 25 de Abril de 1974 em toda a sua plenitude.

O livro vai ser apresentado no próximo Sábado, dia 25 de Novembro, na FNAC da Avenida de Roma, em Lisboa (antiga Livraria Barata) às 18h30, com entrada livre, e com a presença do autor, de Fernando Alvim e do autor da ideia, Miguel Szymanski.


José Alex Gandum

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Há tiros e bombas na televisão




Há tiros e bombas na televisão. Um morto morreu de morte morrida. E um outro de morte matada. Um vivo escapou não se sabe como. Jura-se que foi por um triz. Isto está de truz! Espreite-se de frente ou de trás. A coisa vai dar sempre ao mesmo. Fogos são mais de mil. Acidentes mil ou mais. Dantes, nas férias não havia greves. Mas isso era dantes, quando não havia canais à farta para mostrar as greves. Era só um e bastava. Agora é um farta-brutos. Há já quem ache demais. Mas gente para achar é o que não falta. Eu acho isto, tu achas aquilo. O que se quer é democracia e que cada um ache o que entenda achar. Daí não vem mal ao mundo. E se vier logo se vê. Faz-se um debate. Não se chega a conclusões? E daí, alguma vez se chegou? A opinião mastiga-se diariamente no éter. Degusta-se a actualidade por grosso, em vigorosas garfadas, debica-se dramas de lana-caprina e notícias de faca e alguidar. Opina-se avulso, em painel e por atacado. A opinião virou espectáculo e os factos desbotam-se num festim desbragado. Isto não há fome que não dê em fartura. Diz um comentador que é um sinal dos tempos. Um político afirma que é uma vergonha. Mas se o povinho gosta, que se há-de fazer? Para a frente é que é caminho. Toca a consumir. Parafraseando o Conde de Avranches: é fartar, vilanagem!

 

Salvador Peres

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Ler Sebastião da Gama



 

O ciclo de conferências, "Ler Sebastião da Gama", terminou no dia 17 de Novembro, no Convento de Jesus, com Fátima Ribeiro de Medeiros, personalidade conhecida no meio setubalense pela sua acção na fundação da livraria Culsete e por, na década de 1980, ter dado um incentivo determinante para a celebração da obra de Sebastião da Gama.


Foi a última conferência deste ciclo em 2023. "Ler Sebastião da Gama" voltará em 2024, sempre numa iniciativa da Associação Cultural Sebastião da Gama, Junta de Freguesia de Azeitão e Câmara Municipal de Setúbal, instituições que têm promovido os centenários de nascimento de Joana Luísa da Gama e de Sebastião da Gama.

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