Um divórcio ancestral

 


Um divórcio ancestral

 

Existiu, há entre 200 e 540 milhões de anos, um supercontinente. Foi preciso esperar pelo dealbar do século XX, em 1912, para ocorrer o baptismo: Pangeia. O padrinho foi um geofísico alemão chamado Alfred Wegener.

A Pangeia agregava toda a parte sólida do planeta Terra. A parte líquida, que abraçava esse imenso continente, era um gigantesco oceano a que se deu o nome de Pantalassa.

Mas este antiquíssimo supercontinente veio, mais tarde, entre 200 e 225 milhões de anos, a separar-se em dois mega continentes, a Laurásia e o Gondwana, que, por sua vez, vieram, em continuados movimentos tectónicos, a dar lugar à actual geografia do nosso planeta.

O conceito de Pangeia e as sucessivas fases geológicas do planeta a ele associadas, que ora se aglomeram, ora se dispersam, encaixa na perfeição na metáfora da história humana. Nascido de um tronco comum, da mesma árvore da vida, o ser humano parecia predestinado a viver em paz e harmonia, desenvolvendo-se numa existência gregária, una e solidária. Mas as comunidades multiplicaram-se, descobriram-se singulares e diferentes e não foram capazes de utilizar esses atributos para crescer, amadurecer e viver em harmonia. Pelo contrário, foram-se hostilizando, guerreando e afastando. A modernidade vive o resultado desse divórcio ancestral, que hoje, mais que nunca, se alimenta das diferenças de pele e de género, do fundamentalismo religioso e ideológico, da intolerância e do ódio ao outro. Uma cisão que vai cavando o precipício que ameaça engolir a humanidade.

Esta linha de fractura é, grande parte, fruto da ignorância, estimulada e alimentada pelo desconhecimento das origens da espécie humana e do seu desenvolvimento económico, social e cultural. E agrava-se neste tempo de completa desarmonia. Dirigidos pela batuta do mediatismo e por intérpretes incapazes de compreender o valor da vida, esmaga-nos os tímpanos a cacofonia gerada pelo ruído insano do mundo.

Mas os continentes à deriva, separados por oceanos imensos, voltarão, num futuro longínquo, guiados pela dinâmica tectónica, a unir-se numa nova Pangeia. Resta-nos a esperança que a humanidade execute um movimento idêntico, e permita que aquilo que nos desuniu, nos volte a unir. E que sejamos capazes de um novo começo, de nos reinventarmos numa nova humanidade, fundada num só continente. Uma Pangeia humana que nos redima e nos salve.

 

Salvador Peres


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Uma tarde inspiradora em S. Sebastião

A Igreja de S. Sebastião foi palco, no passado Sábado, de um concerto de música erudita no âmbito do encerramento das comemorações dos 470 anos da criação daquela Paróquia setubalense.


O programa contou com a actuação da soprano Lucina Morais e do cravista Daniel Oliveira, que interpretaram obras de Beno Majer, Henry Purcell, António Vivaldi, Carlos Seixas, Bach e Haendel. Uma tarde inspiradora, de grande beleza lírica, envolveu a assistência que se deslocou à Igreja de S. Sebastião, testemunhando a actuação de dois intérpretes de grande qualidade.

 

Texto e fotografias de Salvador Peres


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Rhapsody in blue and grey

Alexandre Murtinheira

Olhar para Tróia, fixando a objectiva a partir da Praia da Saúde, em Setúbal, proporcionou a Alexandre Murtinheira, um fotógrafo de grande sensibilidade e sentido de oportunidade, captar esta imagem de beleza grandiosa e feérica.


A fotografia, captada por um telemóvel e remasterizada para tonalidades azuis e cinza, exibe um céu colossal sobre a linha ténue da Península de Tróia.

Salvador Peres


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Ler Sebastião da Gama

 


Aproxima.se mais uma sessão do ciclo "Ler Sebastião da Gama" - em 10 de Novembro, pelas 18h30, na Biblioteca Municipal de Setúbal. O orador será Miguel Tamen, director da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, justamente a escola em que Sebastião da Gama se formou e em que construiu numerosas amizades e memórias.

Será um bom momento para um outro reencontro com Sebastião da Gama.


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ESCRITO NOS LIVROS

"As Muralhas de Israel" 

Quando a história se repete e repete


Em 1968 o jornalista francês Jean Lartéguy publicou um livro - "As Muralhas de Israel" -  que se tornaria um clássico e que faz algum sentido repescar agora que o conflito entre Israel e grupos terroristas denominados palestinianos atingiram a maior gravidade desde a célebre Guerra dos Seis Dias (Guerra entre Israel e países árabes vizinhos, e não só, que partiu de um bloqueio por parte do Egipto e que terminou em poucos dias com uma derrota estrondosa dos exércitos árabes e com o alargamento (triplicou) do território israelita, ocupando a agora tão massacrada Faixa de Gaza, a Península do Sinai, a Cisjordânia e, mais simbólico ainda, a tomada da Jerusalém Oriental e da Cidade Velha de Jerusalém).

Escrito logo a seguir à Guerra dos Seis Dias, "As Muralhas de Israel" fazem o historial de uma relação entre povos desde sempre conflituosa. Aliás, o autor foi buscar o título às muralhas originais, construídas antes do ano 3000 a.C., à volta da antiga Jerusalém. O facto de Israel ter derrotado os exércitos unidos de vários países árabes em Junho de 1967 colocou o pequeno país, renascido após a II Guerra Mundial, entre os países mais desenvolvidos do mundo. O autor cita no livro que - já naquela altura - Israel era o segundo país do mundo mais desenvolvido a nível agrícola, a seguir ao Japão, Para isso, os israelitas escavaram mais de 16 metros de areia do deserto até encontrarem condições ideais para a agricultura. E isto tudo, diz o autor, menos de 20 anos depois dos seis milhões de judeus mortos na II Guerra Mundial. 

Como nos temos apercebido pelas notícias das televisões e dos jornais, em Israel tudo gira à volta do exército; "O exército foi a origem da nação israelita. Ele permitiu a elevação do nível de vida dos mais pobres, de modo a fazer deles cidadãos semelhantes aos outros", diz o autor. 

Embora a capa do livro pareça tendenciosa, Jean Lartéguy tenta equilibrar as análises, entrevistando alguns agentes árabes. Foi o caso de Yakobian, semi-espião, nascido na Turquia, que se fazia passar por judeu quando necessário e a quem Lartéguy conseguiu extrair as seguintes palavras (que foram ditas nos anos 60 mas poderiam ter sido ditas agora): "Não creio que, por agora, seja possível um acordo entre os israelitas e os árabes. As nossas relações não se expressam por qualquer espécie de lógica, são de carácter emocional, pelo menos no que toca aos Árabes".

Seria bom que o recordar da história servisse para, de uma vez por todas, pôr fim aos conflitos entre israelitas e palestinianos, e que atingiram nos últimos dias um dramatismo inconcebível e inaceitável.

 As Muralhas de Israel

de Jean Lartéguy

Edições Livraria Bertrand, 1968 - 356 páginas

 

José Alex Gandum


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Caminhada Synapsis pelos areais de Tróia


A próxima caminhada Synapsis tem nova data: 19 de Novembro.

Com partida e chegada na Marina de Tróia, a caminhada seguirá a zona dunar, sempre na vizinhança do mar oceânico de Tróia, com passagens pelo Bico das Lulas e Praia da Galé.

A caminhada seguirá o seguinte Programa:

 08h45 - Concentração no cais dos catamarans, Setúbal

09h05 - Partida de catamaran para Tróia

12h30 - Partida de catamaran para Setúbal

A caminhada é gratuita, mas obriga a inscrição prévia para o endereço de email synapsis11@gmail.com até ao dia 17 de Novembro.


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