Quatro Mulheres e Uma Cidade - Novo filme de Alberto Pereira
QUATRO MULHERES E UMA CIDADE
baseado numa ideia original de Dina Barco
com realização de Alberto Pereira
Sábado, pelas 16h00 na Casa da Baía em Setúbal
SINOPSE
"As cidades vivem do bater dos corações de quem as habita.
Da gente anónima que nelas sofre e ri, ganha e perde, sonha e
realiza.
Gente que, na maior parte do tempo, vive como se não existisse aos olhos
dos outros.
Quisemos dar forma a alguns desses rostos anónimos. Dar-lhes voz,
também.
Pedimos a quatro mulheres, com Setúbal a correr-lhes nas veias, que se
revelassem um pouco.
Que dessem substância à sua aparente invisibilidade. É dia de as darmos a
conhecer.
E com elas, certamente conheceremos melhor a própria alma da cidade."
Salvador Peres
sYnapsis sYnapsis sYnapsis sYnapsis sYnapsis sYnapsis
Se Isto é um Homem
Li, pela primeira vez, o
livro “Se isto é um Homem”, de Primo Levi, em 2002.
Nessa altura já lera sobre a “solução
final para a questão judaica”, como foi eufemisticamente chamada, que consistia
na “remoção” dos
judeus dos territórios ocupados pela Alemanha, de acordo com a decisão tomada
pela liderança nazi na tristemente célebre Conferência de Wannsee, realizada
nos arredores de Berlim, em 20 de Janeiro de 1942.
Quando conheci
a obra de Primo Levi já lera o “Diário de Anne Frank”, escrito entre 12 de
Junho de 1942 e 1 de Agosto de 1944, uma narrativa de uma jovem judia que viveu
escondida, confinada a um anexo secreto, junto ao escritório de Otto H. Frank (seu
pai), em Amesterdão, que acabou por morrer no campo de concentração Bergen-Belsen, em
Março de 1945, quando tinha 15 anos. Lera também sobre o Gueto de Varsóvia e o
tenebroso de Campo Concentração de Treblinka, na Polónia, um campo de
extermínio onde milhares de judeus foram mortos em câmaras de gás. Lera o livro
“Eichmann em Jerusalém”, da filósofa alemã de origem judaica Hannah Arendt, que
abordara a questão da responsabilidade de Eichmann no genocídio dos judeus cunhando-a
como a banalidade do mal.
Mas as
leituras que tinha feito eram quase todas de testemunhas indirectas do
genocídio, embora contemporâneas dos acontecimentos, ou de historiadores e
investigadores dedicados ao estudo, interpretação e divulgação do trágico e inimaginável
momento da História da Humanidade.
Foi com a leitura de “Se isto é um Homem”, de
Primo Levi, um relato na primeira pessoa, que me foi possível assimilar o
horror dos campos de morte. A narrativa, nua e crua, clara, sem subterfúgios de
linguagem nem eufemismos, foi um choque e uma revelação: Pode acontecer que
muitos, indivíduos ou povos, julguem, mais ou menos conscientemente, que todos
“os estrangeiros são inimigos”. Na maioria dos casos esta convicção jaz no
fundo dos espíritos como uma infecção latente; manifesta-se apenas em actos
esporádicos e desarticulados e não se constitui num sistema de pensamento. Mas,
quando tal acontece, quando o dogma não enunciado se torna premissa maior de um
silogismo, então, no fim da cadeia encontra-se o “Lager”. (*)
Quando Primo Levi nasceu, em
Turim, Itália, em Julho de 1919, a Grande Guerra, que devastara a Europa,
terminara um ano antes, em Novembro de 1918, com a contabilidade terrível de mais
de vinte milhões de mortos.
Primo Levi cresceu nesse
intervalo entre as duas maiores tragédias que acometeram a Europa, num tempo
que parecia novo e cheio de esperança, tendo em conta a licção que se retirara
do trauma que se vivera nos quatro anos de guerra, e em que nada fazia prever
que algo de mais abissal, terrível e assustador se preparava para assolar o
mundo, daí a poucos anos, em 1939.
Em junho de 1943, Levi, e outros colegas seus,
juntaram-se a um grupo de resistência que operava no vale de Aosta. Foi
capturado pela Milícia fascista a 13 de Dezembro de 1943 e deportado para o
campo de concentração de Fòssoli, próximo de Capri, tinha 24 anos de idade. Posteriormente,
em Fevereiro de 1944, seguiu num comboio para Auschwitz: Os vagões eram
doze, e nós seiscentos e cinquenta; (…). Aqui estava, pois, debaixo dos nossos
pés, um dos famosos comboios militares alemães, aqueles que não voltam (…).
Vagões de mercadorias, fechados por fora, e lá dentro homens, mulheres e
crianças, apinhados em piedade, como mercadoria barata, em viagem para o nada,
em viagem para baixo, para o fundo.”
Levi esteve onze meses
prisioneiro naquele que ficou conhecido como campo da morte, até ser
libertado pelo Exército Vermelho, em Janeiro de 1945. Dos mil
judeus enviados para Auschwitz com Levi, apenas vinte sobreviveram: A viagem
(entre Birkenau, o campo de morte, e Auschwitz, o campo de trabalho) não
durou mais de vinte minutos. Depois o camião parou, viu-se uma grande porta,
encimada por umas palavras fortemente iluminadas (a lembrança destas palavras
ainda me assalta nos sonhos): ARBEIT MACHT FREI, o trabalho liberta.
(*) (Campo de Concentração).
Salvador Peres
A cada verso nasço
Estreia de A CADA VERSO NASÇO, Tributo a Sebastião da Gama, no ano do seu Centenário.
Exposição na SNBA: '50 Anos de Abril'
Foi inaugurada na semana passada e está patente até 20 de Abril na Sociedade de Belas Artes (SNBA), em Lisboa, uma Exposição alusiva aos 50 Anos do 25 de Abril que conta com a participação de 42 artistas, entre os quais Ana Lima Netto e Maria Gabriel.
Entrada livre.
Exposição 'Inspirações' na Casa da Guia, em Cascais
Inaugura no próximo dia 22 de Março a Exposição 'Inspirações', na Casa da Guia, em Cascais, a qual conta com a participação de uma artista plástica setubalense, Beth Lisbôa, e ainda com o artista plástico Reinaldo Caó, que esteve recentemente exposto na Casa da Baía, em Setúbal.
Entrada livre
FICHA TÉCNICA
Coordenação Editorial de Salvador Peres e José Alex Gandum
Textos José Alex Gandum e Salvador Peres
Imagens de José Alex Gandum e Salvador Peres
Edição de Salvador Peres
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