Uma manhã em glória no Vale da Vitória
Synapsis: Um espaço de expressão artística afinado pelo diapasão da liberdade
Os Cinco Sentidos - A Audição
Os cinco sentidos fazem parte de um ser completo que consegue de forma
natural percepcionar tudo o que existe em seu redor, tanto no meio material,
como intelectual. E esse mundo sensorial ajuda-nos em pleno a entender as
várias realidades e a conseguir trazê-las para o nosso interior para as
assimilarmos e a melhor nos relacionarmos com o exterior. Isso não implica, no
entanto, que todos tenhamos as mesmas reacções às sensações que são emanadas
dos nossos sentidos, pois relativamente à audição, em concreto, até podemos
ouvir o mesmo, mas podem existir diferentes interpretações do que ouvimos.
Sem dúvida que a audição é um dos sentidos que permite no instantâneo
captar os sons e o que se diz à nossa volta e, a não ser que haja surdez mudez
profunda, podemos hoje em dia minorar bastante a falta de audição, sendo muito
comum o uso de aparelhos auditivos. Ouvir, vem do latim audire, que
significa “ouvir através de uma fonte”, escutar. No entanto, apesar de serem
duas palavras similares, não são sinónimos, pois escutar, vem do latim auscultare,
que significa “ouvir com atenção”. Escutar, não é tão só uma acção isolada do
ouvido, mas um fenómeno do corpo todo. Como já disse Heráclito de Éfeso. “Se
não sabe escutar, não sabe falar”. Precisamos, não só de ouvir, mas de escutar
o outro, ou seja, de o ouvir com atenção, apreender o que ele tem para nos
ensinar ou ouvi-lo para o entendermos e podermos ajudá-lo.
Quantos provérbios nos ensinam a importância do Ouvir. “Bem dizer e bem
ouvir, é a arte de conversar”, “Ouvir é prata, calar é ouro”, “Ouvir um mau é
criar maldades”. Mas também quantas vezes ouvíamos dos nossos pais “que
fazíamos ouvidos de mercador”.
Dizer a poesia é tão poético ou mais que fazer a própria poesia. Se
apenas fizermos ou lermos um poema, ele fica em nós e perde o seu fundamento
último, que é ser ouvido e absorvido pelos leitores. Só ao ouvir-se o poema ele
transporta verdadeiramente para nós os sentimentos que lhe estão subjacentes,
que querem ser transmitidos ou que nós próprios assumimos com os nossos
sentidos.
Poemas em que ouvir é o tema ou a sílaba tónica. “Às vezes ouço passar o
vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido”, de Fernando
Pessoa. “Uma vez tomada a decisão de não dar ouvidos mesmo aos melhores
contra-argumentos: sinal do carácter forte. Também uma vontade ocasional de se
ser estúpido“, de Friedrich Nietzsche. “Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo,/Perdeste o senso”/E eu vos direi, no entanto,/Que, para ouvi-las, muita
vez desperto/E abro as janelas, pálido de espanto…”, de Olavo Bilac. “Uma
gargalhada de raparigas soa do ar da estrada./Riu do que disse quem não
vejo./Lembro-me já que ouvi./, de Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando
Pessoa). “Deixa-me ouvir o que não ouço”, de Fernando Pessoa. “Deus é isto: A
beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a
beleza mora lá também”, de Rubem Alves. “Saber ouvir e saber calar: nisto
consiste o supremo valor do silêncio”, de Augusto Branco. Também existem vários
pensamentos, com base no ouvir. “Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir
cuidadosamente. A maioria das pessoas jamais ouve”, Ernest Hemingway. “Dê a
todas as pessoas os seus ouvidos, mas a poucas a sua voz”, William Shakespeare.
“Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”, cantava Sophia de Melo Breyner Andresen, querendo com isso dizer que esses dois fundamentais sentidos e, neste caso em concreto, o ouvir, nos dá a obrigação de sentir a verdade, a menos que não a queiramos sentir e ouvir.
Nota: Texto publicado na Edição Especial de Aniversário do Magazine Synapsis
Texto de Isabel Melo
Synapsis: Um espaço de expressão artística afinado pelo diapasão da liberdade
OS SENTIDOS DA VIDA
Synapsis: Um espaço de expressão artística afinado pelo diapasão da liberdade
Pianista Margarida
Prates em S. Sebastião
No dia 25 de maio, pelas18h30, a Igreja de S. Sebastião, em Setúbal, recebe a pianista Margarida Prates. O concerto é organizado pelos Amigos da Paróquia de S. Sebastião. Os bilhetes podem ser reservados através do telefone 919 521 778.
Synapsis: Um espaço de expressão artística afinado pelo diapasão da liberdade
"Tempos Incertos_Séries de Auto-retratos e Paisagem"
Exposição de Miguel Navas
Synapsis: Um espaço de expressão artística afinado pelo diapasão da liberdade
FICHA TÉCNICA
Coordenação Editorial de Salvador Peres e José Alex Gandum
Textos de Isabel Melo e Salvador Peres
Imagens de Alexandre Murtinheira, Isabel Lanita, Natália Bravo e Salvador Peres
Edição de Salvador Peres
Synapsis: Um espaço de expressão artística afinado pelo diapasão da liberdade
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