Uma manhã em glória no Vale da Vitória


Uma doce alvorada primaveril, que irrompeu com um tímido sorriso solar, recebeu o grupo de alegres e bem-dispostos caminhantes que aceitaram o desafio do Synapsis para caminhar por terras do Risco, no sopé da Serra com o mesmo nome. Reza mais a lenda que a história, que foi naquele imenso anfiteatro verdejante, conhecido como Vale da Vitória, que D. Afonso Henriques, em 1165, conquistou Sesimbra aos Mouros.


Fora a lenda e a história, que motivou apenas uma leve referência, os caminhantes deleitaram-se por carreiros e atalhos que os levaram, por entre a densa vegetação mediterrânica, até às cercanias do Fojo, que se entende num imenso declive pedregoso, até cair a pique no oceano, entre a Serra do Risco e da Serra da Arrábida.





Não era objectivo da caminhada descer ao Fojo, empreitada de outro fôlego, que necessitaria de outra logística e preparação. O Propósito era deambular por aqueles aprazíveis trilhos, absorvendo o ar da montanha, inspirando a delicada frescura do alecrim e do rosmaninho.


A toda a volta, motivos históricos, paisagísticos e arqueológicos eram geradores de animada palestra, sempre animada pelo guia Nuno David, com resposta à altura dos interessados caminheiros, que acrescentavam à conversa experiências, recordações, comentários…






No final de mais uma caminhada Synapsis, pulmões repletos do ar puro da montanha, a sensação única de se ter vivido uma manhã gloriosa no Vale da Vitória.

 Salvador Peres


Synapsis: Um espaço de expressão artística afinado pelo diapasão da liberdade


Os Cinco Sentidos - A Audição



Van-Gogh

Os cinco sentidos fazem parte de um ser completo que consegue de forma natural percepcionar tudo o que existe em seu redor, tanto no meio material, como intelectual. E esse mundo sensorial ajuda-nos em pleno a entender as várias realidades e a conseguir trazê-las para o nosso interior para as assimilarmos e a melhor nos relacionarmos com o exterior. Isso não implica, no entanto, que todos tenhamos as mesmas reacções às sensações que são emanadas dos nossos sentidos, pois relativamente à audição, em concreto, até podemos ouvir o mesmo, mas podem existir diferentes interpretações do que ouvimos.

Sem dúvida que a audição é um dos sentidos que permite no instantâneo captar os sons e o que se diz à nossa volta e, a não ser que haja surdez mudez profunda, podemos hoje em dia minorar bastante a falta de audição, sendo muito comum o uso de aparelhos auditivos. Ouvir, vem do latim audire, que significa “ouvir através de uma fonte”, escutar. No entanto, apesar de serem duas palavras similares, não são sinónimos, pois escutar, vem do latim auscultare, que significa “ouvir com atenção”. Escutar, não é tão só uma acção isolada do ouvido, mas um fenómeno do corpo todo. Como já disse Heráclito de Éfeso. “Se não sabe escutar, não sabe falar”. Precisamos, não só de ouvir, mas de escutar o outro, ou seja, de o ouvir com atenção, apreender o que ele tem para nos ensinar ou ouvi-lo para o entendermos e podermos ajudá-lo.

Quantos provérbios nos ensinam a importância do Ouvir. “Bem dizer e bem ouvir, é a arte de conversar”, “Ouvir é prata, calar é ouro”, “Ouvir um mau é criar maldades”. Mas também quantas vezes ouvíamos dos nossos pais “que fazíamos ouvidos de mercador”.

Dizer a poesia é tão poético ou mais que fazer a própria poesia. Se apenas fizermos ou lermos um poema, ele fica em nós e perde o seu fundamento último, que é ser ouvido e absorvido pelos leitores. Só ao ouvir-se o poema ele transporta verdadeiramente para nós os sentimentos que lhe estão subjacentes, que querem ser transmitidos ou que nós próprios assumimos com os nossos sentidos.   

Poemas em que ouvir é o tema ou a sílaba tónica. “Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido”, de Fernando Pessoa. “Uma vez tomada a decisão de não dar ouvidos mesmo aos melhores contra-argumentos: sinal do carácter forte. Também uma vontade ocasional de se ser estúpido“, de Friedrich Nietzsche. “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo,/Perdeste o senso”/E eu vos direi, no entanto,/Que, para ouvi-las, muita vez desperto/E abro as janelas, pálido de espanto…”, de Olavo Bilac. “Uma gargalhada de raparigas soa do ar da estrada./Riu do que disse quem não vejo./Lembro-me já que ouvi./, de Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa). “Deixa-me ouvir o que não ouço”, de Fernando Pessoa. “Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também”, de Rubem Alves. “Saber ouvir e saber calar: nisto consiste o supremo valor do silêncio”, de Augusto Branco. Também existem vários pensamentos, com base no ouvir. “Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente. A maioria das pessoas jamais ouve”, Ernest Hemingway. “Dê a todas as pessoas os seus ouvidos, mas a poucas a sua voz”, William Shakespeare.

“Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”, cantava Sophia de Melo Breyner Andresen, querendo com isso dizer que esses dois fundamentais sentidos e, neste caso em concreto, o ouvir, nos dá a obrigação de sentir a verdade, a menos que não a queiramos sentir e ouvir.

Nota: Texto publicado na Edição Especial de Aniversário do Magazine Synapsis

Texto de Isabel Melo 


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OS SENTIDOS DA VIDA


Observar-Presenciar



Dialogar-Cavaquear

Nota: Fotos publicadas no Portefólio da Edição Especial de Aniversário do Magazine Synapsis


Fotografias de Alexandre Murtinheira

Synapsis: Um espaço de expressão artística afinado pelo diapasão da liberdade


Pianista Margarida Prates em S. Sebastião




No dia 25 de maio, pelas18h30, a Igreja de S. Sebastião, em Setúbal, recebe a pianista Margarida Prates. O concerto é organizado pelos Amigos da Paróquia de S. Sebastião. Os bilhetes podem ser reservados através do telefone 919 521 778.


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"Tempos Incertos_Séries de Auto-retratos e Paisagem" 

Exposição de Miguel Navas



O pintor/desenhador Miguel Navas vai inaugurar uma Exposição na Galeria de Santa Maria Maior, em Lisboa, no próximo dia 2 de Maio às 18 horas, com o título "Tempos Incertos_Séries de Auto-retratos e Paisagem". Entrada livre.

 

Synapsis: Um espaço de expressão artística afinado pelo diapasão da liberdade


FICHA TÉCNICA

Coordenação Editorial de Salvador Peres e José Alex Gandum

 Textos de Isabel Melo e Salvador Peres

 Imagens de Alexandre Murtinheira, Isabel Lanita, Natália Bravo e Salvador Peres

 Edição de Salvador Peres


Synapsis: Um espaço de expressão artística afinado pelo diapasão da liberdade







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