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A cultura como um bálsamo pacificador - Isabel Melo

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  Viver e conviver com a cultura torna-se viciante. Precisamos dela como um alimento para o nosso discernimento e bem-estar, para o nosso enriquecimento, para a nossa plenitude. E, a bem da cultura, fazemos o impensável! Dei por mim a assistir a um concerto de ópera com Carlos Guilherme, às onze horas de uma manhã solarenga. Isto, simplesmente porque a alternativa era não haver concerto. Nestes tempos de pandemia, quem tenha a necessidade da cultura, ou se tenha agarrado a ela como uma amiga no seu confinamento, não sofreu tanto constrangimento no medo ou na solidão. E ao longo dos meses verificaram-se várias formas de ultrapassar a inexistência das várias manifestações culturais, descobrindo ou inventando novos conceitos, novas sinergias, necessidades e muitas adaptações. Entoaram-se fados, música instrumental ou mesmo música clássica das varandas, das praças ou carros, improvisando palcos e gerando plateias. Surgiram as plataformas digitais e, também aqui, uma nova terminologia

O Aroma que Cativa - Um poema de Fernando Antunes

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  Linda Dália que surpreendias com teu cheiro a limão era tão novo que não sabia o conteúdo dessa lição   Orquídea que foi que fizeste para rescenderes a caju tanta coisa me ensinaste sem me prenderes, só mesmo tu   Papoila tonta, estonteante flor com teu sabor a canela loucuras que cometemos, amor sem deixarem mazela   Camélia, pacifica, orgulhosa de cheiro indefinido Tempos tranquilos, serenos de amores bem amenos   Rosa de porcelana, flor de redenção sem ser bela, afinal teu corpo tinha o perfume que te dava pelo Natal     Fernando Antunes José Alex Gandum

A minha memória de João Cutileiro - Francisco Borba

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  ‘’Passei a minha vida toda, penosa e lentamente, escalando até ao cume do Evereste. Agora velho, "quebrada a espada já, rota a armadura", olho para trás por cima do ombro e vejo que me enganei: em baixo estão as Penhas da Saúde.’’ João Cutileiro O meu convívio com o João Cutileiro foi fugaz e interpolado, ao longo dos anos. Conheci-o, em sua casa, numa tarde luminosa de Maio de 1996. Há muito que admirava a sua obra, dispersa em exposições e lugares vários do nosso país, e tinha decidido procurá-lo, para lhe adquirir uma peça que queria oferecer à Ana, que completava 50 anos em Junho desse ano. Consegui o telefone, já não me lembro bem como, e liguei-lhe. Conversa curta, cordial pôs-me duas alternativas: ‘’ em Lisboa, onde tenho umas peças, ou, se quiser, aqui em casa, em Évora, onde trabalho. Conhece Évora?’’. Optei pela segunda hipótese, movido pela curiosidade natural de conhecer o verdadeiro santuário das suas produções. O João vivia numa casa tradicional, num espaço

Sair do Labirinto - Adérito Vilares

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  Há urgências que não podem esperar. E que se tornam exasperantes quando os esforços feitos para lhes pôr cobro demoram a surtir efeito. O rei Minos, senhor de Creta, conservava uma criatura desconforme (Minotauro) de guarda a um labirinto, do qual ninguém conseguiria libertar-se se acaso o arrojo e o atrevimento lá pudessem conduzir qualquer aventureiro. Tão problemática se mostrava também a manutenção do monstruoso zelador da encruzilhada devido à sua peculiar alimentação. De nove em nove anos, tinha de se revigorar consumindo carne humana de cidadãos de Atenas, os seus figadais inimigos. Cansado de ver os seus compatriotas a servirem de repasto a tão abominável figura, Teseu, filho do rei de Atenas, disponibilizou-se para enfrentar o Minotauro, prometendo, inclusive, matá-lo, libertando o seu povo daquela contínua ameaça. Ariadne, filha do Rei Minos, mas perdidamente apaixonada por Teseu, propôs-se ajudar o seu amado, oferecendo-lhe um novelo que desenrolaria à medida que s

Carlos do Carmo - Calou-se a voz do Senhor do Fado

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  Carlos do Carmo disse-me um dia que não escrevia poemas porque outros escreviam melhor que ele aquilo que ele próprio sentia. De uma educação e disponibilidade raras nas figuras públicas, Carlos do Carmo foi mais que fadista, foi um comunicador a falar e a cantar... O microfone calou-se no passado dia 1 de Janeiro, mas as colunas continuam a debitar a sua Voz e emoções.   José Alex Gandum   Dizer que sim à vida Dizer que sim à vida Dizer que não à morte Dizer na despedida Que o tempo é o mais forte Dizer que sim à vida Dizer que não à morte Jogar na despedida A carta que é a sorte Dizer a toda a gente Que o amor de repente Entrou no nosso jogo Dizer a toda a gente Que o nosso corpo é quente A nossa boca ardente E a nossa alma fogo... E se não for verdade Tudo o que nós dizemos Tudo o que nós sentimos Também não é saudade Por isso é que nos rimos Dizer que sim à vida Dizer que não à morte Jogar na despedida A carta que é a sorte Dizer a toda a gen

Este novo tempo - um poema de Isabel Melo

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  Este novo tempo   Que tempo este que nos assola Qual eclipse circunda a Terra Que tempo este que nos transforma Que se quer renovar como a serra Segredos espreitam em sombras de dor Ondas enchem e vazam como marés Seres da multidão vão gerando amor   Seres avançam e recuam não indiferentes Buscam seus caminhos, suas origens Gritos de angústia, silêncios de paz Na alma minha, alma das gentes   Que tempo este que nos assola Que tempo este que nos transforma   Que era da existência antes de nascer Onde estávamos nós nossa mãe Que é da existência depois de perecer Mostra-nos Deus o caminho para se entender   Une-nos à Terra verde Dá-nos o silêncio da paz Ensina-nos como renovar Se o tempo nos quiser transformar Para não mais o Mundo perguntar   Que tempo este que nos assola Que tempo este que nos transforma. Isabel Melo

Corre corre que é Natal! - Poema e fotografias de José Alex Gandum

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Longe de polémicas religiosas, de ideologias, de éticas e falsas filosofias. Longe das subtilezas da publicidade, que tudo vende, que tudo salda e se dissipa como poeira breve. Longe de moralismos, de agnosticismos ou ateísmos. Longe, muito longe de oportunismos ou de falsos afectos. Mas perto, muito perto de todos, numa mensagem simples, feita de palavras de amizade e solidariedade, a todos os seus amigos, parceiros e seguidores o Synapsis deseja um Feliz Natal e um Ano 2021 renovado, cheio de luz e esperança. SP Corre corre que é Natal o tempo está a esgotar e há tanta coisa a comprar um relógio de pulso um biombo talvez haja no Colombo quiçá no Vasco da Gama mas será que é por impulso que levo aquele colar? até já tenho um igual! Que mania de comprar e quase tudo para dar assim manda o Natal: computador, telemóvel impressora, LCD, mesmo que o dinheiro não dê, há que comprar, é Natal, e depois logo se vê... Corre corre que é Natal Bolo-rainha ou Bolo-rei coscorão ou rabanada já n