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Tempo - Fernando Antunes

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    Tarde noite dia. Não sei. Cansei-me de ser nada. Perdi-me na dimensão do tempo.                                   Os sentimentos têm uma abrangência difícil de gerir. Há-os ligeiros que, sendo bons, o tempo os leva rapidamente para uma qualquer gaveta de recordações. Se são incomodativos, o tempo se encarrega de os varrer de forma total e permanente do nosso dia a dia. Uma relação social ou profissional facilmente a memória arquiva se era boa e acabou; ou, pelo contrário, a extingue definitivamente, sem deixar rasto, se era incómoda ou simplesmente inócua.  Quer tenham sido registadas ou expulsas, não deixam marcas, é possível continuar a movimentarmo-nos nas mesmas situações com uma ausência interior, estando não estando. Onde estávamos por inteiro, agora será apenas um lugar onde agimos sem sermos. Apenas um corpo, uma mente que trabalha, sorri ou debita frases circunstanciais. É como se desaparecêssemos e, no entanto, estamos ali. Ausentes na nossa presença. E voltamos a

O Outono em Pequim

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Reli, pela terceira ou quarta vez, este clássico de Boris Vian. No final, quase todas as personagens do livro morreram ou desapareceram. Poucos escaparam: Ângelo, o Padre Joãozinho, Cláudio Leão, o eremita, e a companheira negra, a Lavanda; o arqueólogo Atanágoras, os irmãos Brício e Bertílio e a bela Cobre; também os garotos Didi e Olívia. No final, Ângelo abandona a Exopotâmia, apanhando o 975 de regresso ao seu novo destino, que não se sabe qual seja. O projecto do caminho de ferro afundou-se num acidente estúpido: a linha e a composição caíram num buraco imenso que se abriu por cima do local onde Atanágoras fazia as suas escavações arqueológicas. Foi tudo engolido pelas areias do deserto. Mas, entretanto, o Conselho Executivo, a mando do Presidente Ursus de Jampolã, mandou recomeçar as obras, enviando para o local um novo director, Antenor Pernô, dois novos engenheiros, dois agentes de execução e três motoristas de camião. “O Outono em Pequim” conta, entre muitas outras peripéc

O que pode ler no Magazine Synapsis de Inverno

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  Pode ler no Magazine, na secção ARTE DA VIDA :   Cuidar é Ser e Viver, de Frei Hermínio Araújo “Um pequeno texto, com mais de 2000 anos, talvez seja um dos que melhor nos indica o caminho a seguir para uma “Arte da Vida”. Refiro-me à Fábula-mito de Higino ou Fábula-mito do Cuidado. Está relacionada com Caio Júlio Higino (64 a.C. - 17 d.C.), escritor da Roma antiga, amigo de Virgílio, Ovídeo e Séneca. Higino escreveu vários textos e compilou outros, deixando as suas marcas pessoais nas compilações que fazia, como no caso de ´Fabulae´.” Política de Naufrágio, de Viriato Soromenho-Marques “Entre 23 e 31 de Janeiro de 2021, em apenas 9 dias, a Covid-19 ceifou 2 562 vidas em Portugal. Para ficarmos com uma noção mais clara da magnitude da catástrofe em curso, que se arrastará ainda por muitas semanas, basta percebermos que, no ano passado, para somarmos o mesmo número de mortos foram necessários 245 dias, entre 2 de Março e 2 de Novembro! Como foi possível chegarmos a esta situa

Caminhos de Santiago - Testemunho de uma Peregrina

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  O Caminho de Santiago é uma alquimia do tempo com a alma. Um encontro com o nosso interior, a descoberta do autoconhecimento e o encontro de respostas mesmo sem as procurarmos. Quando saí para fazer o meu primeiro Caminho, não tinha nenhum motivo, queria apenas fazer algo diferente para descansar e sentir a experiência do que era sair de mochila às costas com meia dúzia de coisas e sem o conforto dito normal! A experiência foi mágica, única e descobri o verdadeiro espírito do que, para mim, é viver. Sobretudo descobri o que me faz mais feliz, as coisas simples da vida. Entretanto, voltei a fazer outros caminhos e os motivos que me levaram a percorrer tantos quilómetros na direção do Apóstolo Santiago de mochila às costas, é saber que vou encontrar respostas para as incertezas da vida. É saber que vou viver emoções e absorver histórias. É ter a necessidade de libertar lágrimas e sorrisos, é sentir a liberdade. Ser peregrino é ter um espírito audaz e aventureiro, é querer partilh

Ao livreiro velho Manuel Medeiros

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Vídeo-efeméride que homenageia dois poetas e pensadores que já partiram de entre nós, do qual guardamos eterna saudade, e que escolheram Setúbal, onde viveram, para nossa felicidade. Poesia de Daniel Nobre Mendes sobre Manuel Medeiros. Setúbal e os Açores como paisagem infinita e interna comum. Daniel Nobre Mendes é natural de Beja e aí, desde muito cedo, teve contacto com democratas, comunistas, ciganos, anarquistas e republicanos. Nasceu em 1941 e foi correspondente do Jornal “República” na sua juventude; também morou no Brasil e em Setúbal, onde fez conferências marcadamente anti regímen, integrando a chamada campanha eleitoral, em 1969, com discursos e atitudes de “persona non grata”; escreveu para o Jornal “Diário do Alentejo” e “O Setubalense”; foi aluno da Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa, frequentou o curso Médico, em Lisboa e Coimbra e, também, o curso de História da Universidade Aberta. O autor dedicou-se ao estudo da literatura, política, filosofia

Música em Casa

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  Wolfgang Amadeus Mozart compôs o célebre Concerto nº 20 para Piano e Orquestra no auge da sua popularidade e interpretou-o, ele mesmo, na estreia em Viena em 1785. Objeto de inesquecíveis interpretações ao longo dos séculos, este concerto é também um dos muitos registos discográficos da pianista Maria João Pires, que o volta a interpretar com a Orquestra Gulbenkian, dirigida pelo maestro Lorenzo Viotti. O concerto, realizado ao vivo no início de dezembro, pode ser visto agora em streaming na próxima sexta-feira, dia 12, a partir das 19h. Este é o primeiro de uma série de cinco concertos que podem ser vistos todas as terças e sextas-feiras até ao final do mês, sempre às 19h. De Brahms a Chostakovitch, passando pela composição recente de João Guilherme Ripper para As Cartas Portuguesas , não faltam motivos para assistir a esta programação no site, Facebook ou Youtube da Fundação Gulbenkian. www.gulbenkian.pt Elisabete Caramelo Fotografia de Jorge Carmona. Direitos Reservados

Confinar não é definhar - Conhecer o Património de Setúbal

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  Já está a decorrer o Concurso "Conhecer o Património de Setúbal" Para participar vá até ao site www.maeds.amrs.pt e responda às dez questões que serão lançadas semanalmente (uma por semana). As respostas devem ser enviadas por email para: maeds@amrs.pt Aos dez primeiros participantes que respondam correctamente às dez questões e suas alíneas, oferecemos um exemplar do vol. 17 da Setúbal Arqueológica, " Caetobriga. O sítio arqueológico da Casa dos Mosaicos". Consulte o regulamento aqui: http://maeds.amrs.pt/images/2021/janeiro/Regulamento_conhecer_patrimonio_setubal.pdf