A presunção de ser justo e o temor de errar

Esta semana, o Blogue Synapsis destaca:

 

- A presunção de ser justo e o temor de errar

O meu nome é Lucas. Flávio Lucas. Mas isso pouco importa para o caso que aqui nos traz. Um nome é um nome, e cada qual tem o seu. Bem sabemos que não há no nome de cada um nem uma nesga de responsabilidade por ser esse o nome que lhe calhou em sorte. Nem o nome nem o nascimento, pois cada um nasce onde calha o destino que deva nascer, não tendo voto na escolha do sexo, família, nacionalidade, cor da pele ou condição social.

 

- O Blogue Synapsis em 2022

Em 2022, o Blogue Synapsis teve um total de 10 900 visualizações, uma média de 908 visitas mensais, 181 semanais e 26 diárias. O pico de maior visualização ocorreu no dia 11 de Dezembro, com 788 visitas.

 

- Escrito nos Livros - A Arte de Voar, de Altarriba e Kim

 

“Vencedor Excelência na BD em Português de Autores Estrangeiros. António Altarriba, ensaísta, crítico, professor de literatura francesa, escreveu esta narrativa impregnada de influências da sua infância e do seu pai, combatente anarquista durante a Guerra Civil Espanhola, cuja vida irá lembrar neste volume que procura descobrir as razões do seu suicídio que marcou profundamente o autor”.

 

- Palavras que não mudaram o Mundo - A insatisfação é a casa do ser

A insatisfação é coisa comum. Toda a gente deseja ter ou alcançar algo que não tem. E, quando finalmente a possui a coisa desejada, logo se apressa a desejar outra. É mau? É bom? Sei lá! Talvez uma coisa e outra. O desejo move o mundo e abre horizontes à vida.

 

- A música que se ouve por cá

Gloria in Excelsis Deo - Coro do Tabernáculo Mórmon

Que amor não me engana, José Afonso cantado por Teresa Salgueiro

 

- Na minha cidade há um Rio

Esta semana, a escolha recaiu na fotografia “Dos arrabaldes espreitando o azul.” Uma imagem recolhida na encosta do Forte de S. Filipe. Abaixo dos tons verdes, espreita, discreta, a arquitectura do casario da Avenida Luísa Todi.

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A presunção de ser justo e o temor de errar

O meu nome é Lucas. Flávio Lucas. Mas isso pouco importa para o caso que aqui nos traz. Um nome é um nome, e cada qual tem o seu. Bem sabemos que não há no nome de cada um nem uma nesga de responsabilidade por ser esse o nome que lhe calhou em sorte. Nem o nome nem o nascimento, pois cada um nasce onde calha o destino que deva nascer, não tendo voto na escolha do sexo, família, nacionalidade, cor da pele ou condição social.

A vida é um fogacho, um foguete que mal estraleja, numa súbita explosão de luz, logo morre. Mas isto é conversa mole, claro está, frase repetida de proposição repisada. A redundância possível face ao ininteligível e obscuro do verbo ser. O meu nome é Lucas, e pode muito bem ser confundido com o evangelista, um dos quatro que proclamou a boa nova de Jesus. Quem me crismou também usava um nome dado a equívocos: o meu padrinho chamava-se Salvador. Um nome que esteve milénios em desuso, mas que se tornou moda há bem pouco tempo. Mas não pelas razões que o tornaram tristemente famoso nos tempos de antanho.

Apresento-me aqui chamando-me Lucas. No caso presente, nome e função não concordam, porque não venho cá para narrar para a posteridade a epopeia de quem para aqui está, nesta sala bizarra, que se quer parecer com tudo, para não se parecer com nada. Dizem alguns que não foi por acaso que acabei por abraçar a função que desempenho, que é a de juiz. Estava destinado, afirmam. Mas que sabe essa gente do destino? Nascemos e morremos à deriva num oceano cósmico, que se espraia, sem fim à vista, entre o infinitamente grande e o infinitamente pequeno. Mas lá estou eu a debitar lugares comuns, sem ir ao que interessa. Sou Lucas, sou juiz, mas não tenho a presunção de ser sempre justo nem o temor de errar as vezes que forem necessárias. Um juiz julga, escudado nas ferramentas da profissão, com a cabeça amarrada nas leis e o coração equilibrando-se, como pode, nos obscuros labirintos da lei, ética e da moral. Não há nada melhor que ascender à dignidade de juiz; mas também não há nada pior. Por mais que se tente fazer diferente, julga-se sempre ancorado em evidências obscuras, que tanto podem ser assim, como assim não ser, dependendo das percepções, dos pontos de vista, das aspirações, da educação e da cultura de quem julga.

O meu nome é Lucas. Flávio Lucas. Mas isso pouco importa para o caso que aqui nos traz. Seja lá o que for que aqui nos traga.

 

Salvador Peres, Janeiro de 2023

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O Blogue Synapsis em 2022

Em 2022, o Blogue Synapsis teve um total de 10 900 visualizações, uma média de 908 visitas mensais, 181 semanais e 26 diárias.

 

O pico de maior visualização

Dia 11 de Dezembro, com 788 visitas.

 

As cinco publicações mais lidas em 2022 foram as seguintes:

Com 178 visualizações, “2010-2022 – 12 anos de Synapsis ao serviço da arte, da cultura e do ambiente”, publicado em 9 de Abril.

https://synapsis-synapsis.blogspot.com/2022/04/2010-2022-12-anos-de-synapsis-ao.html

Com 135 visualizações, “A Arte e o Néctar da Vida - 8 pensadores e 8 pintores expõem na Galeria Municipal de Setúbal”, publicado em 31 de Outubro.

https://synapsis-synapsis.blogspot.com/2022/10/a-arte-e-o-nectar-da-vida-8-pensadores.html

Com 121 visualizações, “Ao encontro de Bocage e Por trilhos de moinhos de vento”, publicado em 23 de Janeiro.

https://synapsis-synapsis.blogspot.com/2022/01/ao-encontro-de-bocage-e-por-trilhos-de.html

Com 107 visualizações, “Ars rosae ou a arte de rosear: O sopro subtil da Poesia em tarde outonal”, publicado em 6 de Novembro.

https://synapsis-synapsis.blogspot.com/2022/11/ars-rosae-ou-arte-de-rosear-o-sopro.html

Com 100 visualizações, “Caravaggio e Sebastião da Gama. Pintura e Desenho”, publicado em 27 de Junho.

https://synapsis-synapsis.blogspot.com/2022/06/pintura-e-desenho-surrealista.html



SP, Janeiro 2023

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Escrito nos Livros

A Arte de Voar, de Altarriba e Kim


“Vencedor Excelência na BD em Português de Autores Estrangeiros.

 

António Altarriba, ensaísta, crítico, professor de literatura francesa, escreveu esta narrativa impregnada de influências da sua infância e do seu pai, combatente anarquista durante a Guerra Civil Espanhola, cuja vida irá lembrar neste volume que procura descobrir as razões do seu suicídio que marcou profundamente o autor.


Conta com o traço muito pessoal, quase punk de Kim, nome maior da banda desenhada espanhola, um dos fundadores da célebre revista "El Jueves", que reconstitui magistralmente o visual de algumas décadas da história da Espanha recente.

 

Nascido em 1910 em Espanha, António Altarriba pai atravessará o século e as suas horas mais negras, para se suicidar em 2001. António Altarriba, filho, irá em busca da história dele, para poder contá-la e talvez conseguir perceber as razões do suicídio deste homem de 91 anos que tinha sobrevivido a duas guerras mundiais. Mas mais do que simplesmente biografia gráfica, "A Arte de Voar" é um panorama brilhante do século XX espanhol, desde os seus princípios rurais e quase feudais, até à modernidade cinzenta do pós-franquismo.”

 

Respigado do sítio FNAC

https://www.fnac.pt/A-Arte-de-Voar-Antonio-Altarriba/a908449

SP, Janeiro 2023


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Palavras que não mudaram o Mundo

A insatisfação é a casa do ser

A insatisfação é coisa comum. Toda a gente deseja ter ou alcançar algo que não tem. E, quando finalmente a possui a coisa desejada, logo se apressa a desejar outra. É mau? É bom? Sei lá! Talvez uma coisa e outra. O desejo move o mundo e abre horizontes à vida. Mas é, também, desordem que gera entropia, porque ao desejo tudo se submete e nele tudo se esgota. O trolha deseja ser empreiteiro; o ajudante quer ser capataz; o quadro superior aspira a ser chefe; o director vê-se já administrador; o assessor acha-se quase ministro; o pobre sonha ser rico e o rico, na fasquia última do desejo, já só aspira à imortalidade.

A insatisfação é a casa do ser. Será? Confesso não estar muito satisfeito com a afirmação.

 

SP, Janeiro 2023


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A música que se ouve por cá


Gloria in Excelsis Deo -
Coro do Tabernáculo Mórmon

https://www.youtube.com/watch?v=8ztlrVUMH3A&list=TLPQMDEwMTIwMjMUq-SnB3GWvw&index=10

Pelo Coro do Tabernáculo Mórmon

Do álbum “Make a Joyful Noise”, de 1995

Num arranjo de Mack Wilberg, "Gloria in Excelsis Deo" foi apresentado num Especial de Natal em Salt Lake City, Utah, EUA.



https://www.youtube.com/watch?v=95oOtUFn2D0

José Afonso cantado ao vivo por Teresa Salgueiro no Sava Centar, Belgrado, Sérvia, em 2010. Concerto de estreia da tournée "Voltarei à minha terra".

Teresa Salgueiro – Voz

André M. Santos – Guitarra

Carisa Marcelino – Acordeão

Óscar Torres – Contrabaixo

Rui Lobato - Bateria


A escolha de SP, Janeiro 2023


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Na minha cidade há um Rio

Esta semana, a escolha recaiu na fotografia “Dos arrabaldes espreitando o azul.” Uma imagem recolhida na encosta do Forte de S. Filipe. Abaixo dos tons verdes, espreita, discreta, a arquitectura do casario da Avenida Luísa Todi.

SP, Janeiro 2023

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Comentários

  1. Parabéns Salvador pelo excelente texto, que nos leva uma pertinente reflexão. Parabéns Pelas excelentes escolhas de livros, de música e de fotos que tão bem ilustram todo o conjunto. Parabéns e obrigada por seres o grande mentor e permanente guardião deste tão importante blog, que tanta gente se deleita a ler e a acompanhar. Um feliz Ano 2023!

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