As mil e uma palavras de um só dia - Adérito Vilares
O tempo é vigília. Não dorme. Não descansa. Nada o detém no constante pingar de cada segundo. Nascemos, vivemos e morremos embalados nos braços do tempo que, indiferente ao que nos acontece, prossegue inexoravelmente a sua trilha cadente. Apesar de nos deslizarmos por entre o seu escorrer infinito não o conseguimos explicar. Vivenciamo-lo apenas. Na soma de todas as tentativas de o perceber inventámos conceitos como o passado, o presente e o futuro e pudemos concluir que o passado e o futuro não existem porque o primeiro já foi e o segundo será sempre algo para lá do agora. Resta-nos o presente que está sempre em movimento e que é um permanente e movimentadíssimo cruzamento entre o passado e o futuro e que pode ser entendido como a força motriz da mudança. James Joyce e Virginia Woolf ofereceram-nos duas obras que tiveram o condão de nos colocar na confluência dessa tríade de conceitos condensados no espaço temporal de apenas um dia: “Ulisses” e “Mrs Dolloway”, duas históri